Revista Agilize

(Gabriel AmorimjpWIKH) #1
Ziel dos Santos Mendes, 28
anos, é originário de uma co-
munidade intitulada de Terra
Nova, São Sebastião, e é forma-
do em Artes Visuais pela UFPE
(Universidade Federal de
Pernambuco). Atua nos campos
das artes visuais, performance,
instalação, curadoria e no au-
diovisual. Desde 2021, é coor-
denador geral da Associação de
Indígena em Contexto Urbano
Karaxuwanassu (ASSICUKA).
Em suas pesquisas, aborda as
poéticas indígenas, configura-
ções identitárias e o racismo
sobre as etnias originárias, em
especial sobre os povos indíge-
nas no Nordeste. “Acredito na
arte e ciência dos meus ances-
trais como ferramenta discursi-
va de resistência e força antico-
lonial”, afirma o multiartista.
Estreou no campo do audio-
visual, como diretor, com o
curta-metragem O verbo se fez
carne (2019), o que lhe surpre-
endeu, pois os desdobramentos
que se sucederam foram bastan-
te positivos. O curta circulou
no circuito nacional e interna-
cional, recebendo até então 20
prêmios. Com as experiências
do Verbo, Ziel entrou de vez
nesse campo. Em destaque, co-
dirigiu Falas da Terra, docu-
mentário produzido e exibido
pela TV Globo; e realizou a pri-
meira exposição individual, Ziel
Karapotó – Como fumaça, na
Christal Galeria em Recife.

Para Ziel, a principal dificul-
dade com o trabalho audiovisual
é a exclusão dos povos indígenas
e tradicionais no acesso ao fo-
mento da produção e difusão da
cultura. Sobre essa questão, afir-
ma que o audiovisual é uma lin-
guagem extremamente inviável
para a maioria da população bra-
sileira, principalmente quando
referente ao circuito dos grandes
festivais e mostras, que requerem
produções bem elaboradas.

Ziel Karapotó

ZIEL KARAPOTÓ. Foto: Divulgação

“ “Há um encantamento por ser algo que se não for
coletivo não sai. Eu diria que a minha maior motiva-
ção é abrir possibilidades para que outros indígenas
ocupem esse espaço. É um pouco sobre representati-
vidade, pois o campo do audiovisual, assim como
todos os demais, apresenta uma ausência grande de
indígenas atuando em toda a sua cadeia. Quantos
diretores indígenas você conhece? Quantos atores?
Quantas atrizes? Essas perguntas me motivam a
seguir em frente.”


  • Ziel Karapotó.
    O fomento fica com as gran-
    des produtoras, compostas por
    pessoas brancas e ricas.
    “Acredito no movimento das
    mostras e produções indepen-
    dentes. Essas ações estão oxige-
    nando e rompendo com os
    formatos eurocêntricos”, arre-
    mata o diretor, que desde o en-
    sino médio, quando passou um
    ano como pesquisador CNPq,
    pelo IFAL, despertou interesse
    pelo audiovisual.


CULTURA

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