-E?
-Está acontecendo alguma coisa em sua casa. -Falo e ele tira a calça e eu
desvio o olhar. -Então não vais?, comigo.
-Onde vais?
-Um almoço na praia entre amigos.
-Haverá bebidas.
-Eu disse que não beberia mais. -E eu calo. -Você precisa confiar em mim.
-Devo?. -Pergunto e ele me encara com fúria. -Porquê você tem que foder
sempre com tudo.
-Eu não quero brigar.
-Não Vincent, você nunca quer brigar.
-Nós podemos passar por isso, estou aguentando.
-Não aguente!. -Falou olhando bem nos meus olhos. -Simplesmente não
aguente!
Respiro fundo e vou até ao armário tirando uma batina, ele puxa a calça,
saindo do quarto fecha a porta atrás de si, sentei na cama, passando a mão
no meu cabelo a cada segundo com mais convicção, sentindo meu couro
cabeludo se irritar, Estar acorrentada em suas próprias palavras, uma dor
estranha se espalha por todo meu corpo, fecho os olhos, apertando-os com
força, deito pousando as mãos em minha barriga.
As pessoas não podem ser mudadas de uma hora a outra, não é um conto de
fadas.
Fadas essas que lutam para não serem devoradas.
Sinto que nesse momento sou a devoradora, levanto depressa saiu do quarto,
o procuro pela casa, pego o meu celular e ligo inúmeras vezes ouvindo a sua
voz na caixa postal:
"Alô é o Ragnar, estou muito...muito ocupado."
Até o seu correio de voz, ele soa tão convicto e convencido, de que as
pessoas precisam de falar com ele, escuto o "Bip" pisco duas vezes de uma
vez só. -Onde estás?, quando ouvires ligue precisamos conversar ou
simplesmente volte para casa".
Desligo encarando a tela vazia, vou para a poltrona branca, ligo a TV, deixo
no primeiro canal encontrado, me recosto, olho no celular inúmeras vezes
batendo-o em minha mão.
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