National Geographic - Portugal - Edição 229 (2020-04)

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à beira do oceano Pacífico. A roda gigante alimentada a energia
solar gira. A cerca de cem metros de distância, um sinal marca o
fim da velha Route 66. O pontão de Santa Mónica, onde a ener-
gia verde se encontra com a história do automóvel, pareceu-me
o ponto de partida perfeito para uma viagem de carro através
dos EUA num automóvel eléctrico.
A Route 66, uma das primeiras estradas asfaltadas dos EUA,
começava em Chicago. Desde a década de 1930 até as auto-es-
tradas interestaduais a tornarem obsoleta, conduziu milhões
de migrantes do Midwest até às costas reluzentes da Califórnia.
A estrada contribuiu para reconfigurar o estado da Califórnia,
que deixou de ser um paraíso rural e transformou-se num ter-
ritório repleto de cidades em crescimento constante. Pelo ca-
minho, simbolizou muito mais: o poder transformador dos
automóveis, a liberdade da estrada desimpedida e a magia de
combinar ambas as sensações numa viagem de carro. Hoje em
dia, depois de percorrerem os 3.600 quilómetros da velha 66, os
viajantes fazem fila junto de uma cabana de madeira no pontão
de Santa Mónica para obterem certificados assinados.
O pontão também é um bom lugar para reflectir sobre o mun-
do que criámos, em parte devido ao nosso caso amoroso com o
motor de combustão interna. Para leste, fica Los Angeles, com
os seus sete milhões de devoradores de combustível, que emi-
tem mais dióxido de carbono do que doze estados em conjun-
to. Para sul, situa-se Venice Beach, onde na década de 1940 se
amontoavam as plataformas de extracção petrolífera. Para oes-
te e norte, localizam-se as colinas envolventes de Malibu, quei-
madas pelas chamas de um incêndio em Novembro de 2018,
após anos sucessivos de seca e de subida das temperaturas.


ESTAMOS NUMA ESTRADA VELHA
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