National Geographic - Portugal - Edição 229 (2020-04)

(Antfer) #1

“Não”, respondeu Li.
Então porquê?
“Velocidade”, disse Li. “É muito rápido.”
No Oeste do Kansas, passámos um dia em
Greensburg, uma vila com 790 habitantes. Em
2007, um tornado destruiu mais de 90% desta
povoação rural, matando 11 pessoas. Quando foi
reconstruída, algumas pessoas sugeriram que
Greensburg se tornasse auto-suficiente. A suges-
tão pareceu bastante hippie aos ouvidos de Bob
Dixson, antigo presidente da câmara.
Nas suas próprias palavras, Bob Dixson aca-
bou por encarar o momento como um regresso
às virtudes dos antepassados que colonizaram as
pradarias. Os pioneiros do Kansas construíram
moinhos de vento para extrair água dos poços,
viveram em casas de adobe e armazenaram ali-
mentos em despensas subterrâneas. A nova esco-
la de Greensburg utiliza aquecimento solar e geo-
térmico e, depois da reconstrução, a comunidade
passou a produzir electricidade a partir do vento.
A rede eléctrica de Greensburg é agora 100% isen-
ta de emissões de carbono.


CERTA NOITE EM DES MOINES, no Iowa, enquanto
nos instalávamos nos quartos de hotel, David
enviou-me uma mensagem de texto do outro lado
do corredor. Um visitante inesperado iria discursar
durante duas horas no dia seguinte: a adolescente
sueca e activista climática Greta Thunberg. Ela tam-
bém estava a atravessar o país num Tesla, mas na
direcção oposta.
Chegámos a Iowa City e vimos milhares de pes-
soas manifestando-se. Um cartaz com um dese-
nho do planeta feito à mão pedia: “Ajudem-me,
Estou a Morrer”. Greta juntou-se aos estudantes
locais no palco. “Neste momento, os líderes mun-
diais continuam a agir como se fossem crianças e
é preciso que alguém se comporte como o adulto
responsável”, disse. A multidão aclamou.
Greta viajara de barco à vela até aos EUA em vez
de apanhar um avião: um voo pode produzir mais
CO 2 do que algumas pessoas produzem num ano.
Com as preocupações climáticas e as viagens de
avião cada vez mais populares, alguns europeus e
norte-americanos, incluindo os cientistas, reduzi-
ram as viagens de avião. Eu e David aproveitámos
para conversar sobre a influência profunda dos
combustíveis fósseis nas nossas vidas.
Numa fase anterior da nossa viagem, eu viaja-
ra de avião para casa para comemorar o 11.º ani-
versário da minha filha. Senti-me culpado por
contribuirparaummundoligeiramente menos


habitável para ela. Senti-me frustrado por me
ver forçado a escolher entre o seu presente e o
seu futuro. Mas o objectivo tem de ser construir
um mundo em que as pessoas possam viajar sem
se sentirem culpadas pelo carbono. No NREL, há
equipas a desenvolver investigação sobre com-
bustíveis para aviões a jacto a partir de algas ou
de resíduos alimentares. Em Dezembro, o pri-
meiro avião eléctrico comercial, um hidroavião
de seis lugares, realizou um voo de ensaio bem-
-sucedido no Canadá.
No Iowa, vêem-se turbinas eólicas a girar no
meio do milho: os créditos fiscais transforma-
ram-nas em valiosas fontes de rendimento para
os agricultores. O Iowa ocupa actualmente o

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