National Geographic - Portugal - Edição 229 (2020-04)

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ANTES DE GRETA, EXISTIU SEVERN.

As suas fotografias aparecem frequentemente lado a lado,
como ícones da longa campanha empreendida pelos jovens
para convencerem os adultos a darem passos significativos no
combate às alterações climáticas. Greta Thunberg, a activista
sueca adolescente, é a criança mais recente a fazer soar o
alarme. Severn Cullis-Suzuki, a filha de um cientista ambiental
de Vancouver, fê-lo antes dela.
Em 1992, com 12 anos, Severn deslocou-se com três ou-
tras jovens activistas à conferência sobre o clima organizada
pelas Nações Unidas no Rio de Janeiro. A ciência começara
então a fazer-se ouvir sobre o aquecimento global. Apenas
quatro anos antes, a ONU criara o Painel Intergovernamental
para as Alterações Climáticas, hoje a principal autoridade em
climatologia. Os líderes mundiais não estavam habituados a
ouvir sermões de crianças.
Severn ficou conhecida como “a menina que silenciou o
mundo durante seis minutos”, criando um precedente para
jovens activistas exprimirem a sua ideia de catástrofe imi-
nente com aquela clareza que só as crianças têm. “Vocês têm
de mudar a vossa maneira de ser”, disse ela aos delegados.
“Perder o meu futuro não é como perder uma eleição ou re-
duzir alguns pontos na bolsa de valores.”
Quando Greta apresentou o seu discurso na conferência das
Nações Unidas em Nova Iorque, em Setembro de 2019, as seme-
lhanças foram flagrantes. À primeira vista, nada foi feito, nos
27 anos entretanto decorridos, para evitar a ameaça existencial
enfrentada pela humanidade. (Continua na pg. 34)

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