National Geographic - Portugal - Edição 229 (2020-04)

(Antfer) #1
Mergulhopara
asobrevivência
Ospinguins-imperador
costumamacasalarnogelo,
demorandomaisdeoitomeses
acuidardascrias.Quandoo
geloseencontrainstávelouse
parteantesdeascriasterema
plumagemdefinitiva,os
pinguinsmudam-separalocais
maisestáveis.Consequente-
mente,ascriastêmdesaltara
partirdealturasmaiorespara
sealimentaremnooceano.
Asprojecçõesindicamuma
diminuiçãodogelomarinho
àmedidaqueosoceanos
aquecem.Senãose
adaptarem,onúmerode
pinguinspoderácairapique.
STEFANCHRISTMANN

MESMOQUECOMEÇÁSSEMOS
AREDUZIRASEMISSÕESHOJE,
OPROBLEMADASALTERAÇÕES
CLIMÁTICASCONTINUARIA
AAGRAVAR-SE.

Hoje em dia, há quase oito mil milhões de pessoas e cerca de 1.500 milhões
de veículos no planeta. O consumo global de petróleo mais do que duplicou,
bem como o consumo de energia. O consumo de carne de porco per capita
quase duplicou e o consumo de carne de aves quase quadruplicou. A captura
global de pescado aumentou cerca de metade, apesar de a sobrepesca ter tor-
nado o peixe cada vez mais difícil de encontrar.
No entanto, as pessoas não se limitaram a sobreviver. Na maior parte dos
aspectos, até prosperaram. A esperança de vida
global aumentou de 59 anos em 1970 para 72
anos na actualidade. Embora o número de seres
humanos do planeta tenha mais do que duplica-
do, o número de pessoas que vive em condições
de pobreza extrema foi reduzido para metade.
Numa análise retrospectiva, alavancando o
conhecimento entretanto adquirido, é fácil ver
como as previsões de Hugh Downs estavam er-
radas. Não anteviram inovações como a Revolu-
ção Verde, que disseminou novas variedades de
plantas e técnicas agrícolas e permitiu o aumen-
to da produção de cereais nos últimos 50 anos
para acompanhar o crescimento demográfico.
Em 1970, a aquicultura mal existia. Agora, pro-
duz cem milhões de toneladas de peixe por ano.
O próprio Dia da Terra impulsionou a mudan-
ça. Escassos sete meses depois de milhões de
cidadãos terem desfilado pelas ruas, foi fundada
a Agência de Protecção Ambiental nos EUA. Muitas das principais leis am-
bientais do país, incluindo a Clean Water Act (Lei da Água Limpa), a Endan-
gered Species Act (Lei das Espécies em Perigo) e emendas essenciais à Clean
Air Act (Lei do Ar Limpo), foram aprovadas pelo Congresso nos anos se-
guintes. Estas, por sua vez, deram lugar ao desenvolvimento de tecnologias,
como escovas para limpar os gases residuais das centrais electroprodutoras.
Assim sendo, por que razão não havemos de partir do princípio de que
outras inovações do mesmo tipo nos poderão salvar de um futuro enegre-
cido pelo aquecimento global? Eu acredito firmemente que, até 2070, vão
surgir muitas inovações. Desde que trabalho sobre este tema, já conduzi
carros que só emitem vapor de água como resíduo e vi máquinas que su-
gam o dióxido de carbono do ar. Invenções que não consigo sequer imagi-
nar estão, certamente, a caminho.
Infelizmente, porém, as alterações climáticas são um problema especial.
O dióxido de carbono está na atmosfera há séculos, ou mesmo há milénios.
Isto significa que, mesmo que começássemos a reduzir as emissões hoje, a
quantidade de CO 2 na atmosfera e o problema das alterações climáticas con-
tinuará a crescer, tal como o nível da água numa banheira continua a subir se
reduzirmos o caudal da água, em vez de fecharmos completamente a tornei-
ra. A Terra vai continuar a aquecer até estancarmos por completo as emissões.
Entretanto, ainda nos falta sentir em pleno os efeitos do CO 2 que já emiti-
mos, sobretudo porque os enormes oceanos demoram muito tempo a aque-
cer face a determinado nível de carbono. As temperaturas médias globais
aumentaram cerca de 1ºC desde a década de 1880, mas devido ao desfasa-
mento temporal do sistema, os cientistas estimam que estamos sujeitos a,
aproximadamente, mais 0,5ºC. No que diz respeito às alterações climáticas,
é sempre mais tarde do que parece.

GUIA DO PESSIMISTA (^) | ONDE ESTAREMOS EM 2070?

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