LIVRO DIGITAL ENCONTRO SHAKESPEARE 2.1 - 2023

Além disso, foi trazido o teatro como dispositivo reflexivo, onde era possível
mergulhar em questões próprias do ser humano que fariam uma pessoa ser melhor, seria o
que chamamos de catarse, esse processo de identificação com o que está em cena que causa
uma “purificação dos sentimentos”. A ideia de teatro para eles também está vinculada com
diversão, porque segundo eles é diferente do que eles fazem durante as aulas, são
‘brincadeiras’.
Todos os dias tínhamos um momento inicial com jogos teatrais tradicionais, focados
na concentração, agilidade, dicção, improviso e relaxamento. O uso dos jogos teatrais foi uma
forma de colocar os estudantes dentro da prática teatral que ainda não está ligada a uma
montagem ou ao texto, mas que vão auxiliar em ambos os processos de criação.
Feito isso, a entrada da dramaturgia de Shakespeare era o ponto crucial. O primeiro
passo foi sentar em roda e conversar com os estudantes a partir das seguintes perguntas:
Quem é Shakespeare? A maioria dos estudantes não tinha muito conhecimento de
Shakespeare, diziam que já tinham ouvido falar dele, mas não sabiam nada da história.
Iniciei contando aos estudantes quem foi William Shakespeare, isso tudo de maneira
precisa, pois além de não haver tempo para um grande apanhado histórico era imprescindível
que os estudantes continuassem interessados no dramaturgo. No decorrer das oficinas foram
lidas as peças: Romeu e Julieta, Noite de Reis e a Megera Domada , nenhuma delas foi feita a
leitura completa devido ao tempo, usávamos apenas algumas cenas.
A cada mês de oficina uma peça era trabalhada, após entregar aos estudantes cenas
de cada peça, era feita como contação de história uma introdução geral ao contexto histórico
e dramatúrgico da peça. Feito isso, os estudantes eram encorajados a fazerem a primeira
leitura dramática das cenas que haviam acabado de receber.
É possível imaginar que nesta primeira leitura havia um caos, os estudantes não
entendiam o que estavam falando e tudo se tornou linear. Após a leitura foi solicitado que
eles marcassem no texto as palavras que não conheciam, para juntos identificarmos essas
palavras e dar um significado que fosse conhecido por eles.
Feito isso, a segunda leitura era totalmente diferente, eles conseguiam ritmo e
entender o contexto de muitas falas que antes, eram estranhas para eles. A terceira fase tinha
uma ideia totalmente diferente, nela a situação da peça era colocada no cotidiano. Colocamos
numa caixa a cena que tinha acabado de ser lida, mas sem eles saberem que existia essa