LIVRO DIGITAL ENCONTRO SHAKESPEARE 2.1 - 2023

(Shakespeare 2.1EU1AMn) #1
Ophelia - Sir. John Everett Millais. 1852. | Óleo sobre tela - 76.2 cm × 111.8 cm –
Tate Britain, London.

Talvez a única resposta possível para uma jovem relegada não ao segundo plano, mas muitos
planos atrás das ambições individuais de todos. Quem se importava com a Ofélia? Quem se
importa? Perder-se em si mesma pode ter sido a única forma de encontrar algum sentido no
que vivenciava, encontrar alguma paz em meio ao caos moral, ético, emocional e mental onde
estava. Ofélia é a melhor personagem da peça, gosta de livros, da natureza, das flores, ama o
pai, o irmão, ama Hamlet, é inteligente, educada, sensível, generosa, gentil e uma das únicas
não corruptas. A personagem destaca-se por sua bondade em meio à um cenário de corrupção
e maldade. Portanto, as imagens que se limitam a representá-la em sua morte, somente como
um corpo inerte, estático e sem vida, não são capazes de demonstrar toda a sua força,
resiliência e bondade e não fazem justiça à sua história e vida.


Ofélia morta, por quem?
O curta-metragem Ofélia Viva teve várias influências em seu processo de construção e
uma destas principais influências aborda a questão da representação frequente da
personagem morta. Trata-se do artigo Ofélia Morta – do discurso à imagem , da filósofa Márcia
Tiburi, publicado em 2010. No texto, Tiburi reflete sobre a morte como uma forma central do
imaginário dos homens sobre as mulheres, com o intuito de compreender este “padrão
cultural de se matarem mulheres”.

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