LIVRO DIGITAL ENCONTRO SHAKESPEARE 2.1 - 2023

(Shakespeare 2.1EU1AMn) #1

agora Enéas (aos 49). E observo que tanto o personagem Enéas como Hamlet
carregam nas suas falas e na postura em si, alguns elementos que são identificados
por mim, pelo falo de já ter vivenciado situações pares. Esses dois personagens
foram criados, com seus pensamentos e impulsos, sempre guiados por um forte
traço em comum: o machismo. Olho para este fato não como certeza, mas como
provocação, para que à partir dele eu possa poder dar um início a uma nova
pesquisa.
Olho de perto para Enéas e Hamlet, no período histórico elisabetano, e
observo que na sociedade vigente as mulheres não tinham o direito aos estudos.
Observo a trajetória do ensino no Brasil, e identifico importantes datas onde as
mulheres conquistaram o direito a cursar o ensino superior. Foi apenas em 1879 que
as mulheres passaram a ter direito de ingressar em uma universidade por meio do
Decreto Lei nº 7.247/1879. Ainda assim, a matrícula deveria ser feita por seus pais
ou maridos. Hoje, as mulheres são maioria nas universidades brasileiras. E nesse
ponto encontramos nossa segunda parada.
Olho para a Inglaterra, grande protagonista do movimento sufragista, que teve
o direito ao voto feminino alcançado em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, mas



  • ressalva feita – apenas por mulheres donas de propriedade. Ou seja, grande parte
    da população feminina estava excluída. Observo também que o sufrágio universal na
    Inglaterra só se concretizaria realmente 10 anos depois, em 1928. Já no Brasil, em 25
    de outubro de 1927, o movimento sufragista no país alcançou sua primeira vitória: o
    reconhecimento do alistamento eleitoral feminino no estado do Rio Grande do
    Norte. Em 2022 as mulheres representaram 53% do eleitorado. São 8,6 milhões de
    eleitoras mulheres (um total de 79,2 milhões) a mais do que eleitores homens (70,
    milhões). De fato, 2022 também marcou os 90 anos da conquista do voto feminino,


que foi aprovado no código eleitoral de 1932.


Vivi num caldo de uma sociedade machista de uma cidade do interior de São
Paulo, recebi os traços de opressão, superioridade, e outros elementos que na
prática, fazem uma pessoa machista acreditar que homens e mulheres têm papéis
distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve se portar e ter os
mesmo direitos de um homem, ou que julga a mulher como inferior ao homem em
aspectos físicos, intelectuais e sociais. Recebi essas diretrizes provenientes de uma

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