BECO

(Leonam Victor) #1

“Eu sou uma mulher preta e tenho


que representar”; uma entrevista


com a ilustradora Anne Souza


E


m meio ao caos cotidiano de quem frequenta as
ruas do Recife, nem todos conseguem tirar um
tempo para visitar exposições artísticas em espaços
fechados que acontecem todos os dias na cidade. Porém,
isso não significa que é impossível prestigiar na corre-
ria do dia a dia. Uma quantidade incontável de formas,
rabiscos, desenhos, poesias e adesivos habitam a capital
pernambucana criando uma galeria gigante a céu aberto.

Uma das formas de arte mais presentes nestes locais são
os posters lambe-lambe, uma técnica de colagem que
nasceu no final do século XIX, junto à impressão em
massa, para disseminar informações pelas cidades. A arte
urbana tem entre as características a sua forma demo-
crática e acessível de se apresentar, e o lambe-lambe não
é exceção. No centro do Recife, eles estão por todos os
lados e podem ser vistos por todos.

Levando mensagens de todos os tipos aos ambientes
mais cinzas das metrópoles, esse tipo de intervenção
artística está mais perto do que se pode imaginar. Discre-
tamente, ele ocupa espaços urbanos com cores, ativismo
e até imagens impactantes para quem está disposto a
observá-la.

A artista visual e ilustradora Anne Souza, de 37 anos,
é o exemplo perfeito para falar do assunto. A recifense,
que mora em Olinda há 7 anos, é ativa no movimento
do “lambe” com os desenhos que ela expõe com orgulho
no centro do Recife e em algumas ruas de Olinda. Há 12
anos colando sua arte nas ruas, Anne fala sobre empode-
ramento e representatividade, e ainda expõe as dificulda-
des que enfrenta nesse meio.

Texto:
Leonam Souza

entrevista
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