BECO

(Leonam Victor) #1

beco |^12


Como você começou no
mundo das artes?
Acho que sempre fui ilustra-
dora. Sempre trabalhei com
desenho, sempre desenhei,
mas acho que a partir de
2009 eu passei a me dedicar
mais a essa área. Já no lambe,
eu comecei em 2011, porque
sempre gostei de arte urbana,
de grafite... e aí, eu comecei
a ver uns cara colocando
lambe-lambe e atinei de
que seria uma forma massa
de colocar meus trabalhos
também.


O que o lambe-lambe repre-
senta na sua vida?
Pra mim, o lambe-lambe é
uma maneira de interagir
com as pessoas na cidade,
para as pessoas, de certa ma-
neira, entrarem em contato
com o que eu faço. Eu acho
que é uma coisa mais de-
mocrática, porque todo tipo
de pessoa entra em contato
com o lambe-lambe e você,
às vezes, não tem nem a
dimensão do quanto algumas
coisas que você cola chegam
em tantas pessoas.


Então é uma forma disso, de
interagir com as pessoas e
passar as minhas mensagens
com as minhas ilustrações.
Vão julgar, vão achar ruim,
vão arrancar, vão fazer um
monte de coisa, mas é uma
maneira interessante que eu
encontrei para distribuir o
meu trabalho.


O que te inspira a colocar
sua mensagem na rua atra-
vés do lambe-lambe?
Eu gosto porque é uma coisa
mais rápida, você vai, faz,
passa cola e já vai embora,
não é como fazer um mural,
que é mais complicado. Acho
que por gostar muito de
coisa feita à mão, e como eu
já fazia meus desenhos, e a
maioria ser de papel, eu acho
que isso foi meio que uma
extensão do que eu já fazia.
Então o lambe-lambe foi
uma extensão que eu podia
colocar em todo lugar, foi
mais ou menos isso.

Todas as suas ilustrações
retratam mulheres?
Eu acho que homens já tem
muita visibilidade e acho que
a gente tem que dar mais
voz à mulher. Acho que ela
tem que ser representada.
Pra mim é isso: a gente tem
que se espelhar no que vai
fazer. Então eu decidi que só
vou fazer mulheres. Parei de
fazer homem, então sim, a
maioria são mulheres!

Por que a maioria das
mulheres que você desenha
são negras?
Porque eu sou uma mulher
preta e acho que tenho que
representar, porque não
adianta eu ficar representan-
do mulheres brancas se eu
não sou uma mulher branca
e meu trabalho é mais nesse
caminho.

É como se eu tives-
se me colocando
em cada ilustração
que eu faço e
colocando outras
mulheres também”.

beco |^12

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