BECO

(Leonam Victor) #1

Texto:
Amanda Marques


Dos pingos aos algoritmos:


A


fase da popularização da Inteligência
Artificial (IA) permitiu que a mão de
qualquer um fosse capaz de reprodu-
zir conteúdos complexos em poucos segun-
dos. O maior exemplo disso são as imagens
geradas pela tecnologia que reproduzem esti-
los, formatos e cores com simples descrições
de texto. Mas, até onde essa “reprodução” é,
na verdade, uma apropriação?

Assim como outras áreas do conhecimento,
a disseminação da tecnologia alimentada por
IA impactou o mundo das artes e ainda tem
causado um movimento de recuo por parte
de alguns artistas em relação ao que é produ-
zido. A questão que se inflama é a autentici-
dade e pertencimento de um estilo que, antes
da Inteligência Artificial, apenas o artista era
capaz de fazer.

Mas, com toda a capacidade proporcionada
pelo aprendizado de máquina, que é capaz de
identificar padrões em dados massivos e fazer
análises antecipadas através de algoritmos, o
estilo do artista pode ser facilmente gerado
por uma IA. Ao usar a plataforma, o usuá-
rio pode definir tudo o que deseja em seu
“quadro virtual”, com estilos e cores da forma
descrita. Um exemplo claro dessa tecnologia,
da mesma empresa do chatbot ChatGPT, a
OpenAI, é o gerador de imagem DALL-E.

Logo, a inteligência artificial dificulta um
fator em que os artistas têm lutado: os di-
reitos autorais. Isso quer dizer que qualquer
usuário pode usar a tecnologia para obter
uma obra com determinado estilo de um
artista sem que ninguém precise ser pago.

Sem uma legislação clara, a única lucrati-
vidade vai diretamente para as empresas
detentoras da tecnologia, que muitas vezes
também recebem por assinaturas para que
os usuários possam usufruir de mais ferra-
mentas alimentadas por IA.

A preocupação no uso de tal tecnologia no
mundo da Arte foi expressa pelo profes-
sor e vice-coordenador do curso de Artes,
da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), André Antônio. “A inteligência ar-
tificial chega no mundo da Arte como mais
uma camada de desafio que o artista rece-
be com relação aos direitos autorais. Você
pode em um aplicativo pedir um quadro
de praia com estilo de Picasso, e ele faz. A
máquina faz, mas o estilo pertence àquele
artista. Você não tem esse direito, mas a
máquina faz. Então, parece que a Inteligên-
cia Artificial vem na onda de várias mudan-
ças tecnológicas que cada vez mais tornam
a questão de direitos autorais muito difícil.”,
explicou o professor.

A tinta vazia usada pela Inteligência Artificial


reportagem

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