Editorial
Desde sempre, artistas se conectam com seu entorno para trazer nas suas obras uma
reflexão sobre o momento que vivem. É o caso da “Guernica” de Picasso, que imor-
talizou o bombardeio da cidade espanhola, ou das imagens do apreço pela violência
norte-americana nas telas de Warhol. O que muda em cada época é como essa inade-
quação é traduzida.
A beira do abismo, no delírio ou na negação, artistas apresentam de diversas formas
algo que nos conta deles e de nós, no entanto, nem toda manifestação tem origem nas
grandes escolas de arte francesas, muitas delas são resultado da confusão da metrópo-
le e da sede da revolução. Entre o silêncio dos transeuntes e a chuva de selfies nas ex-
posições chiques, entre o sim, o não e o talvez, buscamos nos aprofundar nas relações
entre arte e sociedade tomando como ponto de partida o universo urbano.
Como subsistir? Como respirar e se manter vivo em tempos de apagamentos e des-
valorizações absolutas? Como compreender e intervir nas estruturas sistêmicas e en-
contrar espaço para a ação? Se o público fundiu-se com o privado, se a marginalidade
institucionalizou-se e se a política pública se despede nos deixando com as forças do
mercado, onde residem os interstícios?
Nesta edição, a revista Beco buscou reunir ensaios e comentários que evidenciam essa
diluição das esferas da arte urbana, bem como apresentar alguns dos diversos rostos
que estão por trás das proposições e reflexões que geram novas maneiras de existir e
de questionar esse sistema em que vivemos.
Fernanda Soares Leonam Souza Amanda Marques Lawanne Arruda
Edição Diagramação Ilustração e Revisão
direção de fotografia
- Fernanda Soares