BECO

(Leonam Victor) #1
Isso salvou minha
vida, é como se eu
tivesse necessidade
disso, de participar
do movimento hip-
-hop. A arte salvou
minha vida e, usan-
do ela, sei que ainda
vou mudar muito a
vida das pessoas”.

O maior sonho do rapper é
viver da arte, nos momentos
mais complicados, trabalhou
como padeiro para manter a
casa onde mora com a mãe e
o irmão mais novo. “Come-
cei pela necessidade de me
expressar, mas a questão do
desemprego deu um certo
gás também. Mas temos um
sonho que é maior que tudo:
viver do hip-hop”, revelou
AK Bart.


Desde então, a rotina de ri-
mas acontece no período das
10h às 17h com abordagem
feita em cerca de 15 ônibus.
Ele conta que, quando sobe
no ônibus, os passageiros
olham com desconfiança,
mas logo entram na brin-
cadeira. “O ápice é quando
todo mundo já está submer-
gido no entretenimento. Eu
acho que minha arte é aceita
pela quebra de expectativa”,
disse.


Mas nem sempre a recepção
é calorosa. “A galera ama
muito a questão da diversão,
mas tem um pessoal que
realmente não quer saber
nada sobre a arte, tem mente
pequena. Já mandaram eu ir

trabalhar, [falaram] palavras
de baixo calão. Já desce-
ram [do ônibus] quando
eu comecei a rimar e já me
chamaram de vagabundo.
Na verdade, quase todos os
dias coisas assim acontecem”,
lamentou.

Mesmo assim, ele prefere
enxergar o lado positivo.
Para ele, a experiência mais
recompensadora de realizar
os trabalhos nos coletivos
é a troca de energia com o
público. “Um dia quando eu
cheguei em casa de noite,
que eu fui olhar meu Insta-
gram, tinha a mensagem de
uma menina agradecendo
pelo trabalho, porque antes
de eu entrar no coletivo ela
estava começando a ter uma
crise de ansiedade”, lembra.

E é por meio da arte que a
história de AK Bart se funde
com a de pessoas desco-
nhecidas, mas ligadas pelas
carências humanas. “É muito
massa você chegar, levar ale-
gria e o povo retribuir com
palavras de incentivo ou com
palavras de boa fé, sabe? Di-
zendo para não desistir e isso
é gratificante”, concluiu. b
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