BECO

(Leonam Victor) #1
Texto:
Leonam Souza

A cena das batalhas de rima


em Igarassu


Na cidade da Região Metropolitana do Recife, é impossível ignorar a ascensão
da cultura do rap; Por lá, a arte ganha cada vez mais seguidores, mas ainda está
longe de receber o devido reconhecimento

O


filme “Roxanne Roxanne”, lançado
pela Netflix em 2017, conta a história
real da rapper de batalha mais feroz
de Nova York, no início da década de 1980,
Roxanne Shante. O enredo retrata a jovem,
aos 14 anos de idade, lutando para sobreviver
às adversidades econômicas e sociais na dura
realidade de quem vive em meio à pobreza e à
violência das ruas.

Uma virada de chave acontece na vida de Ro-
xanne quando ela resolve participar de uma
batalha de rap improvisada, ganha reconheci-
mento e atrai a atenção pelo seu talento.

Com a história de Shante, o filme reflete
sobre superação de barreiras através do hip
hop. Mas a rapper, que hoje é mundialmente
famosa, não é a única a desafiar expectativas
e estereótipos através de versos afiados. As
batalhas de rimas têm milhões de adeptos e
entusiastas em todo o mundo. Esses eventos
são caracterizados pelo encontro de Mestres
de Cerimônia (MC’s) em espaços públicos
como praças, parques, pistas de skate e até em
alguns locais privados, para disputas feitas
com versos improvisados.

Essa cultura nasceu nos anos 70, em Nova
York, berço do hip hop, mas logo se difun-
diu em outros países. No Brasil, o movi-
mento só começou nos anos 90, mas se
popularizou e foi organizado na década se-
guinte, com a Batalha do Real, em 2003, no
Rio de Janeiro. Já em São Paulo, a Batalha de
Santa Cruz foi importante por revelar no-
mes como Emicida, Projota, Criolo, Rashid,
Bivolt, dentre vários outros. A cidade foi
responsável por levar a cultura para fora da
bolha do hip hop no país.

A história de Roxanne, nos Estados Unidos,
e Emicida, no cenário nacional, representa
os sonhos de muitos jovens negros e perifé-
ricos em todo o mundo. Apesar da trajetória
dos dois artistas terem começado em cida-
des onde a cultura do rap já estava ampla-
mente difundida, em cidades com menos
reconhecimento no meio não é diferente.
Na Região Metropolitana do Recife (RMR),
por exemplo, nas cidades do Litoral Norte,
diversos MC’s buscam seu espaço nas bata-
lhas que acontecem nas em Olinda, Paulista,
Abreu e Lima, Igarassu, Goiana, Itapissuma
e na Ilha de Itamaracá.

reportagem

Fotos:


Reprodução / Instagram (BDC e BDSH)

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