BECO

(Leonam Victor) #1
Texto:
Leonam Souza

O


Brasil é conhecido mundialmente
pela rica diversidade cultural que
existe de norte a sul do país. Atrati-
vas para o resto do globo, as expressões que
nascem aqui nem sempre são valorizadas
pelos próprios brasileiros. Seja nas artes
visuais, performáticas ou literárias, os costu-
mes do nosso povo são bastante singulares
com cada compasso dos ritmos nacionais,
em cada traço das artes plásticas ou em cada
palavra escrita por nossos autores.

No entanto, ser artista no Brasil está atre-
lado a certos desafios e preocupações, pois
muitas vezes esses agentes culturais carre-
gam consigo o estigma de ser um grupo de
“desocupados”. Muita gente ainda relaciona,
erroneamente, o fazer artístico com um pas-
satempo, e a situação piora quando se trata
de arte urbana, já que artistas de rua ainda
são rotulados como vândalos. Essa linha de
pensamento remonta aos tempos da ultra-
passada Lei da Vadiagem, que entre 1942 e
2012 criminalizava manifestações artísticas
populares e essencialmente negras no país.

A criminalização do samba, axé e até do
carnaval podem ter ficado oficialmente no
passado, contudo, até hoje, a black music, o
funk e o rap – ritmos que tem suas origens
entre populações negras e marginalizadas –
enfrentam preconceitos. Isso não acontece
exclusivamente na música. No campo das
artes visuais, por exemplo, o grafite foi tido
como prática criminosa por muito tempo,
e até perseguida durante a ditadura, quan-
do ele já era usado como forma de protesto
contra as políticas truculentas da época e a
censura.

A arte é uma grande ferramenta de ex-
pressão para muitas pessoas. No âmbito da
arte urbana, um dos maiores exemplos bra-
sileiros são os artistas OSGEMEOS, que já
tiveram suas obras exibidas em países como
os Estados Unidos, Inglaterra, Cuba, Grécia,
dentre outros. No entanto, a valorização do
grafite é mais difícil quando ele nasce das
mãos de artistas negros e negras, que ainda
buscam seu espaço e não são aclamados pela
mídia, como a dupla paulista.

Arte no Brasil não é valorizada


quando vem da periferia


Refeletindo os preconceitos culturais enraizados no país, a sociedade brasileira
ainda não aprendeu a apreciar as artes que vêm de corpos suburbanos cheios de
critiavidade. Culturalmente, o Brasil desperdiça talentos; economicamente, o
Brasil desperdiça o que poderia ser uma mina de ouro.

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