BECO

(Leonam Victor) #1

E


m mais de dois anos de
pandemia, não foi só
o cenário da Covid-19
que afetou o cotidiano da
população. Além dos atrasos
nas vacinas, a dificuldade em
obter o auxílio emergencial,
o desemprego, a escassez de
água e a violência, mais de 19
milhões de pessoas ficaram em
situação de fome e insegurança
alimentar, o que afeta princi-
palmente os territórios peri-
féricos e favelados do campo e
da cidade, as populações negra
e indígena e outras comuni-
dades tradicionais. Através de
alternativas populares e estra-
tégias coletivas de autogestão,
movimentos sociais, coletivos
e grupos resistem, enfrentam e
transformam essa realidade.

Um deles é o coletivo Pão e
Tinta. Criado em 2012, é for-
mado por artistas, produtores,

articuladores sociais e militan-
tes periféricos residentes, em
sua maior parte, na Comuni-
dade do Bode, no Bairro do
Pina, na Zona Sul do Recife.
E é por meio de um trabalho
coletivo que espaços em aban-
dono foram e são restaurados
pelo grupo.

Anualmente, o Pão e Tinta
produz um encontro interna-
cional no qual junta diversos
artistas para promover mensa-
gens de protesto e provocação
que resgatam e fortalecem a ju-
ventude periférica. Em 2023, o
11º Encontro Internacional de
artes do Pão e Tinta – Amaré-
mangue, foi realizado entre
os dias 6 e 10 de Setembro e
trouxe como tema a simbiose
que compõe a existência da
Comunidade do Bode e do
território que habitam: o mar,
o mangue e o amor.

A autogestão coletiva e a arte


como transformação social


Texto:
Fernanda Soares

entrevista
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