BECO

(Leonam Victor) #1

Em contraste com seus vizinhos ricos, o Bode tem cerca de 30 mil
moradores e, nele, as paredes, que muitas vezes nem reboco têm,
ganham vida com a arte. Para Pene Andrade, grafiteira do bairro
da Várzea, na Zona Oeste da cidade, o evento é importante para
toda a capital. “Tô há 6 anos no grafite e, hoje, estou aqui deixan-
do não só o meu nome marcado, mas, também, as minhas ideias.
A gente precisa estar sempre se movimentando pela cidade e levar
essa arte para outras crianças periféricas, para que elas possam
crescer e enxergar uma oportunidade de uma profissão como a
gente está tendo agora”, disse.


Além da revitalização dos locais, o encontro também promo-
ve oficinas, cursos de artes para crianças e até mesmo cortes de
cabelo. Ao todo, 41 artistas, de Pernambuco e de outros estados,
selecionados participaram do encontro, entre eles, a grafiteira
piauiense Ivih Ribeiro, que destaca como importância olhar e
pensar a comunidade de dentro para fora, e levar daqui o que há
de melhor.


O acelerador cultural e grafiteiro Pedro Stilo, que é integrante do
Pão e Tinta, conta que o coletivo realiza diversas ações de poten-
cialização artística da cena independente, utilizando a arte como
meio de transformação social, com força ativa nas periferias do
Pina. Para ele, o encontro pode até ter terminado, mas a transfor-
mação fica até onde a imaginação permitir.


“A gente quer mostrar o quanto de potência a comunidade tem. É
o movimento hip-hop trazendo para a comunidade muita cultu-
ra, fomentando esses outros movimentos subsequentes dentro da
quebrada”, afirma Stilo.


Achei a galera bem receptiva. É massa,
você consegue trocar ideia com as crianças,
moradores, e eu acho que o principal de
pintar dentro das quebradas, é a troca que
você tem com as pessoas do local”.

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