BECO

(Leonam Victor) #1

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Finalmente as expectativas
de quem passava no local
foram supridas!

“Eu via as pessoas nos carros
me olhando cheios de expec-
tativas, mas na hora que eu
pisei na avenida, a sensação
que eu tive foi magnífica, era
como se o mundo inteiro
tivesse ficado em preto e
branco, e aquela faixa tivesse
ficado colorida”, relata. O
resultado daquela primeira
performance, que durou
somente até o sinal abrir
novamente, foi a satisfação
nos olhos de quem assistiu
aquele jovem artista circense
se apresentar pela primei-
ra vez em um semáforo da
cidade.

Jovem e cheio de sonhos, o
artista já tinha descoberto
qual era o seu chamado. Foi
assim que ele decidiu levar o
circo para as ruas, avenidas,
parques e praças, onde o sol
substitui holofotes e somente
o céu pode ser a lona. Gar-
rett logo percebeu que só era
preciso um minuto para cap-
turar a atenção das pessoas,
e então começou a lutar por
esse espaço em prol da arte
urbana. Ele tinha a faca e o
queijo em mãos, e isso era só
o começo.

Atualmente, com 34 anos,
mais conhecido pelo nome
artístico “Wally Garrett”, ele
conta que fez arte na rua por

mais de uma década. E antes
disso, o “recifense da gema”,
como ele costuma dizer, já se
alimentava das artes do circo
há mais de 20, quando ainda
fazia espetáculos em espaços
como hospitais e creches.

Mesmo no início da carreira,
o artista sempre soube que
precisava doar mais de si
para o público. “Eu sentia a
necessidade de me profissio-
nalizar e ter algo mais para
oferecer nessas ações e foi
quando eu comecei a garim-
par alguns cursos e oficinas,
coisas que pudessem me
enriquecer artisticamente, e
foi um caminho sem volta”,
conta ele.

SEGUNDO ATO: O circo sem
lona

Wally diz que, em contra-
partida, as apresentações
em ambientes urbanos são
muito mais “desgastantes”,
e aqueles que encaram o
desafio têm que se empenhar
bem mais. “Diferente do
teatro ou do circo, onde as
pessoas saem de casa certas
de que vão assistir tal espetá-
culo, e o processo [de prepa-
ração] começa pela manhã,
quando ela acorda. Ela se
prepara o dia inteiro, compra
o ingresso dela, senta predis-
posta a assistir, aplaudir e a
interagir. Na rua, na maioria
das vezes, as pessoas não
estão com essa disposição.

beco |^75


Fotos:


Reprodução / Instagram

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