O Estado de São Paulo (2020-04-08)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-3:20200408:
O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2020 Economia B


l Cortes

Magazine Luiza corta


salários de executivos


Toffoli antecipa julgamento


sobre aval de sindicatos


http://www.sodresantoro.com.br


Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a

saúde de todos, os leilões estão sendo realizados somente online,

sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.

E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO

PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00.

Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.

Márcia De Chiara

O Magazine Luiza vai tomar me-
didas duras de contenção de gas-
tos com pessoal e despesas com
fornecedores, além de fazer
uma captação de no mercado,
para atravessar o período da cri-
se provocada pela pandemia do
novo coronavírus, que levou as
vendas do varejo como um todo
a praticamente zero do dia para
noite. Desde março, as mais de
1.100 lojas físicas da varejista es-
tão fechadas.
Em comunicado enviado ao
mercado no início da noite de
ontem e assinado pelo diretor
Financeiro e de Relações com
Investidores, Roberto Bellissi-
mo Rodrigues, a empresa infor-
mou que vai cortar em 80%, por
três meses, o salário dos princi-

pais executivos da empresa: o
CEO e o vice-presidente de ope-
rações. Nesse período, os ga-
nhos de 12 diretores executivos
e sete membros do Conselho de
Administração cairão pela me-
tade. Os demais diretores terão
um corte de 25% no contra che-
que.
A rede varejista também in-
formou que iniciou um “amplo
movimento de renegociação de
contratos com fornecedores di-
retos e indiretos, com o objeti-
vo de reduzir custos e ampliar
prazos de pagamentos”. Nessa
renegociação, a companhia in-
forma que pretende preservar e
apoiar os fornecedores meno-
res, que estão mais fragilizados
pela crise.

Em relação aos cerca de 20
mil funcionários, o comunica-
do informou que antecipou e pa-
gou as férias, depois que as lojas
foram fechadas no mês passa-
do. No momento, a empresa es-
tá fazendo um plano para ava-
liar como colocará em prática
Medida Provisória (MP)
936/2020 que prevê a suspen-
são de contrato de trabalho por
60 dias e pagamento parcial dos
salários via seguro desempre-
go, além de redução proporcio-
nal de 70% da jornada e salários
por três meses.

Sem demissões. “Estamos fa-
zendo um capacity planning
exaustivo para os próximos me-
ses, a fim de determinar a abran-
gência e as modalidades dos ins-
trumentos previstos na MP que
serão aplicados”, diz Rodri-
gues, em comunicado. Segundo
ele, a intenção de fazer uso da
MP é não demitir funcionários
por conta crise.
Além de cortar despesas, a
empresa vai fazer uma captação
de mais R$ 800 milhões por
meio de uma emissão de debên-
tures para reforçar o caixa no
período de vacas magras no va-
rejo. A companhia ressalta que
terminou o ano de 2019 com
uma posição de caixa e recebí-
veis robusta, de R$ 7 bilhões.

Rafael Moraes Moura
Idiana Tomazelli / BRASÍLIA


O presidente do Supremo Tri-
bunal Federal (STF), ministro
Dias Toffoli, decidiu antecipar
o julgamento sobre a decisão
que submeteu aos sindicatos as
negociações de trabalhadores e
empresas para reduzir jornada
ou suspender contrato durante
a crise do novo coronavírus. A
discussão estava prevista para
ocorrer no plenário virtual da
Corte a partir de 24 de abril,
com término no dia 30 – os jul-
gamentos na plataforma online
levam uma semana.
Agora, o tema será analisado
pelo plenário da Corte em ses-
são marcada para o dia 16, quan-
do os ministros vão decidir se
mantêm ou não a liminar conce-


dida pelo ministro Ricardo
Lewandowski, que frustrou as
pretensões do governo ao in-
cluir etapa burocrática para
que os acordos sejam válidos. A
avaliação nas equipes econômi-
ca e jurídica do governo é de
que a derrubada da liminar é ur-
gente para evitar demissões.
Um ministro do STF ouvido re-
servadamente considerou a li-
minar de Lewandowski “extra-
vagante”.
A análise do tema ocorrerá
agora como nas sessões presen-
ciais do Supremo, mas por
meio de videoconferência. No
plenário virtual, por outro lado,
não há grandes discussões en-

tre os integrantes da Corte, que
apenas sobem os votos por
meio de um sistema eletrônico,
informando se discordam ou
não do relator.
Conforme informou o Esta-
dão/Broadcast , a área econômi-
ca do governo aposta na cons-
trução de uma saída jurídica pa-
ra o tema. Nesse sentido, o go-
verno consultou Toffoli infor-
malmente antes de anunciar
medida provisória que permite
a negociação individual para re-
dução de jornada e salário ou
suspensão de contrato. Uma
fonte da área econômica rela-
tou que o presidente do Supre-
mo sinalizou que, sendo uma
medida temporária e com ga-
rantias aos trabalhadores, não
haveria razão para o governo se
preocupar com a validade do
programa.
Vários setores disseram ao
governo que, diante do que cha-
maram de insegurança jurídica
criada pela decisão de Lewan-
dowski, preferem demitir a es-
perar o aval do sindicato às ne-
gociações.

Anne Warth / BRASÍLIA


Pela primeira vez em cinco
anos, o governo vai aportar re-
cursos para bancar a conta de
luz da população mais pobre.
Após semanas de debates in-
tensos entre técnicos, o Mi-
nistério da Economia aceitou
destinar R$ 900 milhões ao
programa Tarifa Social, que
atende a 9,4 milhões de famí-
lias, segundo apurou o ‘Esta-
dão/Broadcast’. A proposta
faz parte das ações de enfren-
tamento ao avanço do novo
coronavírus no País.

Uma medida provisória
(MP) sobre o tema está em fase
final de elaboração e prevê que
o Tesouro ajude a pagar a conta
de luz das pessoas de baixa ren-
da, por até três meses, desde
que o consumo seja de, no máxi-
mo, até 220 kWh. A MP passa a
vigorar assim que é editada,
mas precisa ser aprovada pelo
Congresso em até 120 dias.
A isenção dos pagamentos pa-
ra a população de baixa renda
deve custar entre R$ 1 bilhão e
R$ 1,2 bilhão, mais do que o apor-
te da União. Por isso, o restante
dos recursos deve vir de sobras
de recursos de um fundo seto-
rial – a Conta de Desenvolvi-
mento Energético (CDE). Por-
tanto, não haverá impacto para
os demais consumidores.
Entre as sobras estão cerca de
R$ 200 milhões em recursos do
Luz Para Todos não utilizados
no ano passado, além de obras
do programa previstas para
2020 que vão atrasar. A queda
no preço dos combustíveis utili-
zados para abastecer termoelé-
tricas da Região Norte – e que
são bancadas pelo fundo seto-
rial – também vai contribuir.


Descontos. O programa Tarifa
Social concede descontos esca-
lonados de 10% a 65% na conta
de luz de famílias de baixa ren-
da, de acordo com a faixa de con-
sumo. Neste ano, ele deve cus-
tar R$ 2,594 bilhões, que serão
arrecadados por meio das tari-
fas. Mais da metade do universo
de famílias atendidas vivem no


Nordeste. Mas desde 2015, o Te-
souro não aporta recursos no
programa, e ele é custeado por
meio das contas de luz dos de-
mais consumidores.
Até 2014, os descontos do pro-
grama eram bancados pelo go-

verno federal, que transferia re-
cursos do Orçamento para o
fundo setorial CDE. Esse fun-
do, por sua vez, fazia os repas-
ses às distribuidoras de energia.
Isso deixou de ocorrer em 2015,
pelas dificuldades do governo

para cumprir a meta fiscal. Com
a aprovação do estado de cala-
midade, a União ficou dispensa-
da de atingi-la.

O programa. O Tarifa Social
funciona de forma escalonada,

como o recolhimento de Impos-
to de Renda. Exemplo: uma fa-
mília com consumo mensal de
250 kWh paga os primeiros 30
kWh com 65% de desconto; a
faixa entre 31 kWh e 100 kWh
com 40% de desconto; a parcela
entre 101 kWh e 220 kWh com
10% de desconto; e a parte aci-
ma de 220 kWh sem desconto
algum.
Para ter direito ao benefício,
as famílias devem estar inscri-
tas no Cadastro Único do Minis-
tério da Cidadania e comprovar
renda per capita que não exce-
da 0,5 salário mínimo. Por ano,
cada família recebe, em média,
R$ 200 de subsídio.

Distribuidoras. Além de apoio
às famílias de baixa renda, a me-
dida vai ajudar as distribuido-
ras de energia, que tem cobrado
o governo auxílio ao setor.
Isso porque, ao bancar as des-
pesas em nome das famílias, o
Tesouro vai impedir que as con-
cessionárias sofram os efeitos
da inadimplência nos pagamen-
tos, caso essas pessoas tenham
dificuldades financeiras nos
próximos meses. Assim, o di-

nheiro entra direto no caixa das
empresas.
A ajuda às famílias de baixa
renda era vista como necessá-
ria, já que a Aneel proibiu, por
90 dias, cortes no fornecimen-
to de energia por inadimplência
devido à pandemia de covid-19.
A suspensão de cortes foi to-
mada por causa das dificulda-
des de deslocamento da popula-
ção, já que mais da metade das
pessoas paga as contas em agên-
cias bancárias, lotéricas e redes
de atendimento das próprias
distribuidoras, todas com aten-
dimento reduzido em razão da
pandemia.

Congresso. Nas últimas sema-
nas, diversos parlamentares co-
meçaram a se movimentar para
apresentar propostas que au-
mentem a cobertura do progra-
ma Tarifa Social. Presidente da
Comissão de Infraestrutura, o
senador Marcos Rogério
(DEM-RO) propôs que os gas-
tos fossem bancados com recur-
sos de Pesquisa e Desenvolvi-
mento (P&D), que represen-
tam 0,5% da receita operacio-
nal líquida das distribuidoras.

12 milhões
era a estimativa de demissões
em todo o País feita pelo
Ministério da Economia antes
da publicação de medida
provisória que permite a redução
temporária de jornada e salários.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


l Vacas magras
O Magazine Luiza vai fazer uma
captação de mais R$ 800 mi-
lhões por meio de uma emissão
de debêntures para reforçar o
caixa no período de vacas ma-
gras no varejo.

Bolsa fecha em


alta pelo 2º dia


consecutivo


Medidas antivírus podem substituir Plano Mansueto. Pág. B4}


Rede também vai conter
gastos, cortar salários e
jornada de funcionários e
fazer captação para
enfrentar a crise

TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO–1/12/

Governo


banca conta


de luz de


baixa renda


Tarifa Social receberá R$ 900 milhões;


desde 2015 Tesouro não fazia aportes
Ajuda. Aneel proibiu cortes por inadimplência por 90 dias


O Ibovespa, principal índice da
B3, encadeou ontem a segunda
sessão de retomada, chegando
a superar a marca de 79 mil pon-
tos no melhor momento do dia.
Depois das 15 horas, perdeu par-
te do dinamismo, assim como
Nova York. O apetite por risco
voltou a predominar nos merca-
dos globais na maior parte do
dia ontem, ainda por conta da
queda dos casos de coronavírus
na Europa, onde as principais
Bolsas fecharam em alta.
O mercado acionário ameri-
cano foi prejudicado após os
EUA informarem um outro sal-
to nos novos casos de covid-19 e
em meio à redução de ganhos
de ações de petroleiras, depois
de mais um tombo do petróleo.
As cotações da commodity até
vinham em alta, mas viraram
com força para o negativo após
o Departamento de Energia dos
EUA prever que 2020 terá a pior
queda anual na demanda pelo
óleo em 30 anos.
No fim do dia, o Ibovespa
avançou 3,08% fechando aos
76.358,09 pontos. Após um
avanço superior a 7% no dia an-
terior, os três índices de Nova
York registraram ligeiro recuo:
Dow Jones (-0,22%), S&P 500
(-0,16%) e Nasdaq (-0,33%).
Já o dólar fechou o dia com
recuo ante o real de 1,25%, cota-
do a R$ 5,22, com as medidas
que vêm sendo tomadas pelos
bancos centrais tirando os in-
vestidores da situação de pâni-
co. / MATHEUS PIOVESANA E SIMONE
CAVALCANTI

Plenário do STF julga


no dia 16 se mantém


liminar de Lewandowski


que trata de redução


de jornada e salários

Free download pdf