O Estado de São Paulo (2020-04-08)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2020 Especial H5


Fica aí


Glauco de Pierri
Wilson Baldini Jr.


Quem gosta de futebol, ou de
qualquer outro esporte, não
desgruda o olhar da televisão.
Normalmente, um grande le-
que de partidas é transmitido
em tempo real, sete dias por se-
mana, durante todo o ano. Seja
por TV aberta, por canais fecha-
dos ou ainda pela internet,
quem gosta só não vê se não qui-
ser. Contudo, a pandemia do no-
vo coronavírus paralisou todas
as competições mundo afora e
os eventos ao vivo desaparece-
ram da telinha.
Para matar a saudade, canais
como SporTV, ESPN Brasil e
Fox Sports têm apostado em re-
prises de partidas históricas de


todos os esportes. Além deles, a
Globo e a Band, na TV aberta,
também entraram na onda e, no
próximo domingo, vão reprisar
jogos de futebol – às 14h, a Band
mostrará a decisão do Paulistão
de 1993, quando o Palmeiras
venceu o Corinthians por 4 a 0 e
encerrou um jejum de títulos de
16 anos. Às 16h, a Globo coloca-
rá no ar a reprise da finalíssima
da Copa do Mundo de 2002, dis-
putada na Coreia do Sul e no Ja-
pão, quando o Brasil foi penta-
campeão do mundo ao vencer a
Alemanha por 2 a 0, numa época
em que o Brasil perder por 7 a 1
para quem quer que seja era ini-
maginável.
Mas, além dos jogos históri-
cos e dos infindáveis gols e me-
lhores momentos disponíveis

no YouTube, quem gosta de fu-
tebol pode aproveitar os mo-
mentos de folga dentro da qua-
rentena para explorar séries e
filmes sobre o assunto. Entre os
lançamentos desta temporada,
a Netflix apresen-
ta The English Ga-
me , uma série
com seis episó-
dios que conta a
história da profis-
sionalização do
esporte no final
do século 19. A
trama ainda fala sobre a divisão
de classes sociais que imperava
na Inglaterra e como isso contri-
buiu para popularizar o jogo.
A série começa em 1879 e tem
dois personagens principais,
Fergus Suter (Kevin Guthrie),

um operário escocês que nas-
ceu em Glasgow, e Arthur Kin-
naird (Edward Harknees), um
lorde de família abastada ao sul
do país. O drama faz o amante
do futebol moderno ter contato
com a forma que
ele era jogado em
seu início, com
uniformes sem
numeração, bo-
las de capotão,
ausência das re-
gras atuais e até
mesmo a falta de
esquemas táticos – os times
atuavam basicamente com pas-
ses e triangulações curtas.

Violência. Também na Netflix,
a série Barras Bravas explora o
universo dos violentos ‘barras’

argentinos, em uma história
que mescla futebol, política e
ainda o crime organizado. A ba-
se da trama é em cima do Ferro-
viários Fútbol Club, um time fic-
tício de Buenos Aires.
Entre os principais persona-
gens da série, está Diana (Dolo-
res Fonzi), uma advogada ho-
nesta e com forte influência na
comunidade do bairro onde es-
tá a sede do Ferroviários. Ela é
chamada pelo presidente da
equipe para ser a nova chefe de
segurança e precisa mostrar for-
ça para tentar acabar com o po-
deroso Héctor “Lomito” (Car-
los Belloso), líder do barra e que
comete uma série de delitos pa-
ra manter sua influência sobre
torcida, técnico e diretores.
Dolores, que na Argentina sus-

tenta publicamente sua militân-
cia feminista, contou na coleti-
va de apresentação da série suas
visões sobre Diana. “O que me
atraiu nesta personagem é a ima-
gem de uma mulher impondo
suas regras em um mundo de ho-
mens. Imaginar que um dia os
barras tomem conhecimento
que colocaram uma garota para
ser chefe de segurança que vai
combater o sistema que os bene-
ficiam me deixa feliz”, disse.
Em paralelo, a série mostra
Mario (Ignacio Quesada), um
jovem que se junta aos barras
por influência de Fabián (Este-
ban Lamothe), braço direito
de Lomito na torcida. Mario se
junta ao grupo para tentar tirar
sua família da pobreza, mas
não pretendia se envolver com
a ilegalidade inserida na fac-
ção. Chama atenção ainda a rea-
lidade de cenários e locações –
a maior parte das gravações foi
feita no estádio Tomás Adolfo
Ducó, do Huracán.
Entre os filmes, destaque pa-
ra Ultras , que mostra a relação
violenta entre os torcedores e o
futebol na Itália. Na trama, um
dos fanáticos encara o passado
para conseguir um futuro dife-
rente e mais promissor para ele
e para um jovem amigo.

C


omida árabe parece sob medida
para o delivery. Não tem erro,
viaja bem, mesmo em embala-
gens mais simples, e a maioria dos pra-
tos dispensa o aquecimento ou é fácil
de esquentar. E que bela combinação
de sabores a sutileza das especiarias, a
pimenta síria, canela, cardamomo, ce-
bola picada, cebolinha, hortelã... A re-
feição começa lúdica, com homus, coa-
lhada seca, quibe cru, tudo fresquinho
e regado com bastante azeite, para co-
mer com uma bela fatia de pão pita. É
prazer para desfrutar com calma. E ain-
da tem as esfihas, o quibe frito e os pra-
tos quentes. Pedir comida árabe em ca-

sa é sempre um grande programa.
Meu favorito do confinamento é o
Sonho Árabe, um restaurante simples
e barato, fora do circuito gastronômico
(na Chácara Santo Antônio). Em tem-
pos normais, funciona em sistema de
bufê, que impressiona pela qualidade –
os pratos são todos feitos na casa, do
zero, diariamente. O restaurante faz a
melhor coalhada seca da cidade, um fa-
lafel espetacular (grande, com o inte-
rior bem úmido e macio). Quem co-
manda as coisas ali é o sírio Mahmoud
Ghaloul, com a ajuda de um time de
cozinheiros árabes. Sugiro o combina-
do de pastas (R$ 36), que vem com ho-

mus, babaganuche de sabor bem defu-
mado, mhammara (pasta apimentada
de pimentão e nozes) e coalhada. Dá
para três ou quatro pessoas, mas, vá
por mim: peça uma porção extra de coa-
lhada seca (R$ 22, 200g). O quibe cru é
indispensável, temperado com delica-
deza e temperos que o chef não revela
(R$ 29, a porção de 200g). Peça tam-
bém as miniesfihas abertas e fechadas
(R$ 18, a porção com seis). São delicio-
sas e, se sobrar (duvido!), podem ser
congeladas sem prejuízo de qualidade.

Ficha de avaliação
l Restaurante: Sonho Árabe.

l Quando pedir: Perfeito para a hora
do almoço, mas vale para qualquer dia
ou noite com vontade de comer bem.

l Tipo de entrega: Rappi.

l Funcionamento: todos os dias, no
almoço e no jantar.

l Cardápio: Sugestões fixas e menus
especiais no fim de semana. Porções
para compartilhar por dois ou três.

l O melhor: Frescor e sabor.

l O Pior: Pelo app, não se pode pedir
porção extra de pão, o que faz falta.

l Embalagens: Simples, de plástico.

l Como aquecer: Esfihas em forno
preaquecido: ponha as abertas uma
em cima da outra, recheio com re-
cheio, para não ressecar.

l]


A quarentena imposta a boa par-
te do mundo fez com que a Net-
flix antecipasse o lançamento
da série The Last Dance , produ-
ção do canal norte-americano
ESPN e que conta a trajetória
vitoriosa de Michael Jordan na
equipe do Chicago Bulls nos
anos 1990 – Jordan foi um dos
maiores atletas de todos os tem-
pos e é considerado por muitos
como o maior jogador de bas-
quete da NBA e da história.
Nos Estados Unidos, a ESPN
transmite os dois primeiros epi-

sódios de The Last Dance no dia
19, enquanto a Netflix, dona
dos direitos internacionais da
produção, exibe no dia seguin-
te. A cada semana, dois capítu-
los serão apresentados.
A produção, com dez episó-
dios, vai mostrar imagens inédi-
tas de Jordan ao lado de seus
companheiros e do técnico Phil
Jackson – eles ganharam seis tí-
tulos da NBA em oito anos, sem
precisar em nenhuma disputa
do jogo 7 nos playoffs.
Foram dois tricampeonatos

do Chicago, com Jordan em
grande destaque com média de
mais de 30 pontos por jogo, ga-
rantindo campanhas da equipe
com até 70 vitórias nos 82 jogos
da temporada regular.
O documentário também vai
relembrar momentos dramáti-
cos da lenda do basquete como
a morte de seu pai, em 1993. Isso
fez com que ele disputasse uma
temporada de beisebol, duran-
te os dois anos em que ficou
afastado das quadras, sonho de
James R. Jordan, assassinado
por dois adolescentes, que cum-
prem prisão perpétua.
Duelos históricos com Magic
Johnson, Charles Barkley e Karl
Malone serão revistos com ima-
gens de alta qualidade, feitas
por uma equipe de produção,
sob autorização de Jordan e da
direção do Chicago Bulls nas fi-
nais da temporada 1997/1998,

contra o Utah Jazz.
“A ESPN ganhou o status que
tem pela série de documentá-
rios com grandes ídolos e falta-
va falar de Michael Jordan, que
sempre está nas discussões de
quem é o maior atleta de todos
os tempos, ao lado de Pelé e Mu-
hammad Ali”, afirmou Ricardo
Bulgarelli, comentarista da
ESPN Brasil.

Outras produções. Na Ama-
zon Prime, dois títulos chamam
a atenção. Em Tudo ou Nada , o
público poderá conferir a jorna-
da da seleção brasileira de fute-
bol campeã da Copa América de
2019, desde os treinos até a final
contra o Peru no Maracanã. Em
Futebol Arte , o torcedor pode
passear pelo Brasil de 1982, de
Sócrates, Falcão, Zico e compa-
nhia, que encantou o mundo
mesmo sem ter conquistado a

Copa da Espanha.
A Netflix tem vários destaques
para quem gosta de outros espor-
tes. Race mostra a emocionante
história de Jessie Owens, velocis-
ta norte-americano que superou

o racismo e desafiou Hitler ao
conquistar quatro ouros na
Olimpíada de 1936, em Berlim.
Dirigir para Viver permite aos
fãs ver o lado não exibido da Fór-
mula 1, demonstrando emo-
ções que cada escuderia e piloto
enfrentam dentro e fora do
grid. Fangio: o Rei das Pistas mos-
tra a trajetória do piloto argenti-
no, pentacampeão mundial nos
anos 1950, em uma época em
que quase não existiam equipa-
mentos de segurança.
Por fim, os amantes do boxe
podem conferir Mãos de Pedra: a
História Verdadeira de Roberto
Durán , uma biografia do pugilis-
ta panamenho Roberto Duran,
que praticou boxe entre 1968 e


  1. Junto de seu treinador
    Ray Arcel, ele conquistou um
    grande feito dentro do ringue
    quando derrotou Sugar Ray Leo-
    nard, em 1980. / G.P. e W.B.JR.


PATRÍCIA FERRAZ

Sem futebol ou qualquer


outro esporte ao vivo,


torcedor pode recorrer


a reprises ou a filmes


e séries sobre o tema


‘Barra Bravas’. Lomito, líder da torcida do Ferroviários, cai na arquibancada durante uma briga pelo controle da facção


NETFLIX

NETFLIX APOSTA


EM JORDAN E TEM


BOAS OPÇÕES


Astro. Série sobre Michael
Jordan estreia no dia 20

Patrícia Ferraz

CANAIS FECHADOS E
ABERTOS OPTARAM

PELA REPRISE DE
JOGOS HISTÓRICOS

HORA DE MATAR A

SAUDADE


OLIVER UPTON

‘Ultras’. Violência e drama dão o tom da produção italiana

ALEJANDRO LIPSZYC/NETFLIX

NETFLIX

‘The English Game’. Disputa entre classes diferentes

Desfrute com calma

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