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H2 Especial QUINTA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
U
mberto Eco (1932-
2016) cantou para
subir há quatro anos
mas sua imagem continua
vagando como ectoplasma
digital por aí. Claro, sorte
nossa. Esses italianos são
incríveis. E suas obras lavam
a alma do mais encardido
dos humanos. Se a presença
física nos falta o mundo digi-
tal nos liberta. Serve tanto
para o autor de O Nome da
Rosa como para outro ro-
mancista falecido de mão
cheia, Antonio Tabucchi
(1943-2012). Tinham em co-
mum a cátedra mas de umjeito, digamos, meigo. Falavam
como meros mortais, acessíveis
a qualquer pessoa. A primeira
conversa tem uma hora e meia
de duração e Eco fala sobre seu
romance, O Cemitério de Praga.
Youtu.be/DuGpw0-B9-s1. Mira
De Milton Coatti para a
SPCD: youtu.be/bZMkW-
zIZjbQ
2. Grupo Corpo
Sempre um espetáculo
novo: grupocor-
po.com.br/blog/quarente-
na-com-o-grupo-corpo
3. Bethânia e Pagodinho
Show completo: you-
tu.be/h0UAAfOaEmc
Eco. Brilho na webViva os italianos, avanti!
Luciana Davi
Bailarina da
SP Companhia
de DançaREPRODUÇÃOCaverna.Club
l]
JOÃO WADY CURY E-MAIL: [email protected]SONIA RACY
DIRETO DA FONTE
Caderno 2
‘PRECISAMOS
ELEVAR A VIBRAÇÃO’
ESPIRITUALIDADE3 Dicas de...Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Sofia Patsch [email protected]Estar recolhido em casa, para
Ian Mecler , significa hoje
dividir seu conhecimento
sobre espiritualidade por
meio de redes sociais. Mes-
tre de meditação e espirituali-
dade há aproximadamente
duas décadas, criou recente-
mente a ferramenta “Luz pe-
lo Whatsapp”, pela qual en-
via diariamente meditações
ao vivo gratuitas. “Precisa-
mos elevar a vibração da hu-
manidade”.Autor de oito livros, Mecler
tenta transformar o isolamen-
to social em força e transfor-
mação, via YouTube. A convi-
te da coluna, Ian Mecler fala
como cabala, fé, espiritualida-
de e meditação podem nos
ajudar neste momento.l Por que a cabala foi secreta
durante muito tempo e
hoje se abre para to-
dos?
Caminho de mi-
lhares de anos,
poucos sabem
que ela foi ca-
minho espiri-
tual de Moi-
sés, Jesus,
Elias e outros.
Hoje é o mo-
mentode abertura, acompanhada de
revolução planetária prevista
pelos mestres. Antigamente,
poucos tinham entendimento
para absorver uma sabedoria
que revela incríveis códigos da
Bíblia e meditações raras.l Como a força da fé pode nos
ajudar nesse momento?
Quando não conseguimos re-
solver questões agudas atra-
vés da lógica, acabamos nos
voltando para a espiritualida-
de: orações, meditações, ele-
var a vibração. A física quânti-
ca fala, de outra forma, sobre
o mesmo conceito. Em resu-
mo, se você acredita em uma
força maior e se dedica a vi-
brar nessa sintonia, eleva tam-
bém a sua própria vibração,
aumentando, consequente-
mente, sua imunidade.l O sr. escreveu o livro Dieta da
Cabala. Qual a conexão entre
alimentação com espiritualida-
de? E como pode ser aplicada a
este tempo de confinamento?
Esse livro sugere dieta integra-
tiva envolvendo corpo, mente
e alma, por 22 dias. Todos sa-
bem o quanto uma boa ali-
mentação pode fazer diferen-
ça: diminuir o açúcar branco,
diminuir o sal e as carnes , in-
gerir frutas, verduras, sucos
vivos, bastante hidratação e
consciência maior quando es-
tamos comendo. A dieta pode
ser muito útil neste momento
que pede equilíbrio, não ape-
nas do corpo, mas também damente e do espírito.l A meditação cura o corpo
ou o espírito?
Ela tem a propriedade espe-
cial de equilibrar corpo,
mente e espírito. Diante do
excesso de informações ho-
je, precisamos aprender a
focar mais para tornar nos-
sa mente construtiva. Um
outro aspecto é que a práti-
ca da meditação nos permi-
te observar o mundo e a
nós mesmos de uma manei-
ra mais profunda. Uma
consciência maior pode ser
muito útil neste momento.l Pode indicar alguma prática
para aliviar a ansiedade do
confinamento social?
É essencial criar rotina diá-
ria para a manutenção da
saúde. Em casa, exercícios
envolvendo alongamentos,
pode ser algo precioso para
a saúde e mente. Meditar
todos os dias, ao acordar e
em outro momentos, fortale-
ce a mente e o espírito.
Hábitos construtivos de-
vem ser cultivados.l Qual livro seu aconselha,
neste momento?
É difícil indicar um porque
são como filhos, gosto de
todos. Mas, neste momen-
to, indicaria Aqui, Agora – o
Encontro de Jesus Moisés e
Budha, da Record. Ele apro-
funda a percepção da vida
que pulsa em cada momen-
to, o ar que respiramos, as
pessoas que amamos e tan-
tas outras bênçãos que o
momento traz. Precisamos
deixar as diferenças de lado
e juntar todos em prol de
uma luz maior.CINE
PRAGA E MAIS
Eco não fala somente sobre o
livro, seu penúltimo, antes de
Número Zero , também editado
pela Record no Brasil. O mais
importante nas suas conversas
é a forma como liga os temas,
muitos deles diferentes uns dos
outros. Fala tudo o que lhe bate
na cachola, mas de forma siste-
matizada, ligando os pontos co-
mo um bom pensador que se
preze deve fazer. A entrevista
de Umberto Eco foi feita por
Paul Holdengräber, do progra-
ma Intelligence Squared , um dos
mais bombados da rede.SONHAR A LITERATURA
Um ano antes de ser abatido por
um câncer o escritor italiano An-tonio Tabucchi conversou por
uma hora e 20 minutos com a
plateia sobre seu amor pela litera-
tura, tema que levou a vários paí-
ses europeus, Elogio à Literatura.
Especialista na obra de Fernan-
do Pessoa, Tabucchi é autor de
Afirma Pereira e Réquiem , livros
que o tornaram conhecido no
mundo e viraram filmes. Na con-
versa, que se deu no Teatro del
Popolo, em Migliarino, passeia
pelos sentimentos com os quais
constrói seus romances e seu
olhar para o mundo. E, no meio
de tudo isso, o tempero italiano
que cria não somente obras
exemplares como autores pecu-
liares como personagens de seus
próprios mundos. https://you-
tu.be/5HE4jTjXWxsVAMOS AOS VIVOS
Ok, ok, nem só de mortos vive
a literatura italiana, muito pelo
contrário. Vamos a um vivo,
bem mais que vivo, o romancis-
ta Alessandro Baricco, autor de
Seda , A Noiva Jovem e Três Ve-
zes ao Amanhecer. A mais recen-
te aparição do escritor se deu
há quatro dias em um progra-
ma ao vivo do matutino italia-
no La Repubblica e provocou
reações divididas. O tema? A
epidemia de coronavírus nos
tempos das conexões provoca-
das pela internet, sejam elas
games, redes sociais, notícias.
Vale ouvir Baricco sobre o as-
sunto. A gravação está no ar e
pode ser vista aqui: you-
tu.be/fn-gODwjq6MCama...
Mesmo correndo riscos ao en-
frentar batalha dupla – o câncer
e a pandemia – Bruno Covas
não se ausentou de agendas que
exigem sua presença física. “Te-
nho conseguido encontrar for-
ças para poder estar à frente das
duas batalhas”, disse à coluna, o
prefeito....mesa e banho
A agenda é pesada mas “é combi-
nada” com seus médicos. “São
as mesmas recomendações a to-
dos nessa pandemia”.Ontem o prefeito fez a terceira
sessão de imunoterapia pela ma-
nhã. “Meu sistema imunológi-
co está normal”. E deu expe-
diente à tarde. “Estou morando
na Prefeitura, trouxe até minha
cama pra cá”.BELAS ARTES
ABRE SUA
LISTA ONLINE
QUANDO A SUA CASAVIRA UM PALCO DIGITALClássicos, como ‘Morte em Veneza’,
podem ser vistos de graça durante a Páscoa
Loja lotada de ovos de
Páscoa e nenhum cliente,
clicada por fotógrafa da
coluna, na Liberdade. Ela
resume o comércio este
ano. Segundo a
Confederação Nacional do
Comércio de Bens,
Serviços e Turismo,
as vendas devem cair
31,6% na comparação com
a Semana Santa de 2019.
Seriam R$ 738
milhões a menos em
faturamento.Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonteEm silêncio
A gigante ABI– o maior grupo
cervejeiro do mundo – não de-
mitiu até agora nenhum dos
seus 250 mil funcionários es-
palhados pelo Planeta em con-
sequência da pandemia. E
nem vai, pelo que se apurou.O grupo tem como sócios prin-
cipais os brasileiros Jorge Pau-
lo Lemann, Carlos Alberto Si-
cupira e Marcel Telles.Prioridades
Carlos Wizard , fundador da
rede Wizard, não aceitou con-
vite feito por Doria para ser
candidato a prefeito de Cam-
pinas, conforme adiantou a co-
luna no seu blog. “Estou foca-
do no trabalho comunitário
de esforços para saúde sem ne-
nhum vínculo partidário”.Luiz Carlos MertenÉ um dos filmes mais cultuados
de Luchino Visconti, Morte em
Veneza. A adaptação do roman-
ce de Thomas Mann se passa
em Veneza assolada pela cóle-ra. Aschenbach, o personagem
interpretado por Dirk Bogarde,
é um esteta, um compositor.
Identifica um ideal de beleza no
garoto andrógino, Tadzio. Per-
segue-o pelos canais venezia-
nos, sem ligar muito para os car-
tazes afixados nas portas das ca-
sas e que alertam para o risco de
pandemia. Contamina-se, e a
sua patética tentativa de rejuve-nescimento – a pintura do cabe-
lo – escorre pelo rosto, expon-
do a decadência.
Morte em Veneza é de 1971. Re-
cebeu o prêmio do 25.º aniversá-
rio no Festival de Cannes, no
mesmo ano em que a Palma de
Ouro foi atribuída a O Mensagei-
ro , de Joseph Losey. Na época,
Losey e Visconti tentavam adap-
tar a obra monumental de Mar-
cel Proust, Em Busca do Tempo
Perdido. Terminaram inviabili-
zando o projeto um do outro,
mas os dois filmes, pelo brilho
na reconstituição do tempo pas-
sado, fazem sonhar com o que
foi irremediavelmente perdido.
Pelo esplendor audiovisual –
fotografia de Pasqualino De San-
tis, direção de arte de Ferdinan-
do Scarfiotti, figurinos de Má-
rio Tosi e trilha de Gustav Mah-
ler –, Morte em Veneza é um gran-
de Visconti, mas não é uma una-
nimidade. Há um culto ao filme,
e as plateias LGBTQ+ o adoram.
Não é difícil adivinhar por quê.
O ideal estético do artista den-
tro do filme carrega uma confis-
são de homossexualidade, que
o próprio Visconti, homosse-
xual assumido, identifica comdestruição e morte. Como dizia
o diretor, que nasceu aristocra-
ta, mas se orientou para posi-
ções políticas de esquerda, “pre-
firo contar as derrotas, descre-
ver as almas solitárias e os desti-
nos destroçados pela realidade.
Descrevo personagens cuja his-
tória conheço bem. Pode ser
que cada um de meus filmes es-
conda outro, meu verdadeiro fil-
me, nunca realizado, sobre os
Visconti de ontem e hoje”.
Por que, a essa altura, quase 50
anos depois, voltar a Morte em Ve-
neza? O tema da contaminação
(e da peste) tem tudo a ver com o
momento atual de pandemia e
isolamento. Mas tem mais. Mor-
te em Veneza integra a carteira da
Pandora, que a distribuidora Be-
las Artes está disponibilizando,
de graça, no seu programa A La
Carte. Um presente de Páscoa pa-
ra os cinéfilos de carteirinha, que
só precisarão acessar o site
http://www.belasartesalacarte.
com.br, clicando em Acesse (e
preenchendo os dados). A boa
surpresa é que estarão disponí-
veis muitos outros filmes, cente-
nas. Clássicos, cults. Mas, grátis,
só até dia 15, guarde a data.SELFIEPOLAROID
WARNERDENISE ANDRADE/ESTADÃOVisconti. Adaptação da obra de Thomas Mann é obra-primaARQUIVO PESSOAL.