Da mesma maneira, as biografias das entrevistadas ganharam tom de conversa
em vez de descrição formal, buscando revelar aspectos cotidianos, singularidades e a
diversidade que existe no que se entende por “ser mulher”.
Ciência e Artes aliam-se na produção das imagens que compõem este livro. São
linhas e formas criadas por meio do desenho, que surgem da fusão entre papel e tinta.
A fotografia capta o instante, sob um ângulo, e só existe graças aos conhecimentos
acerca da Física e da Química, fruto de descobertas, cálculos, experimentos. Há
também figuras captadas por meio da técnica da cianotipia, que se configura por ser
uma impressão por contato utilizada há quase dois séculos. Esse procedimento foi
amplamente empregado para o registro da Ciência e, por sincronia, por meio dele,
foi a botânica inglesa Anna Atkins que criou e publicou o primeiro livro ilustrado com
fotografias do mundo.
Assim como a proeza dessa mulher, ao longo da pesquisa me deparei com diversas
histórias de descobridoras e pesquisadoras que tiveram seus nomes apagados pela
História, foram sumariamente invisibilizadas. Suas ideias e propostas foram descartadas
ou, pior, substituídas por assinaturas masculinas.
Já nas falas contemporâneas presentes nas entrevistas fica claro que, pela evolução
da sociedade e pela aquisição de direitos, por programas de incentivo e projetos de
equidade, os lugares das mulheres estão sendo devidamente ocupados. Com variações e
demandas em algumas áreas específicas, mas as possibilidades hoje são fartas.
No entanto, nas entrelinhas, é perceptível a existência de desgastes, incômodos e
hostilidades nos ambientes em que as cientistas atuam. Julgamentos e tratamentos
diferenciados no que diz respeito às suas atitudes e escolhas pessoais: ser mãe ou optar
por não ter filhos, casar-se ou não, ser racional ou emotiva, falar alto ou calmamente, ter
ou não paciência.
O fato é que ser mulher sempre implica em romper alguma barreira. Sempre há uma
atenção a mais, um tempo gasto para se defender, se colocar, independentemente da
profissão, da classe social ou da cultura. É uma constante com a qual, de certa forma,
nos habituamos.
Com o intuito de estar em alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável propostos pela ONU, mais especificamente com o Objetivo 5, que menciona
a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, este trabalho
foi realizado por muitas mãos. Foram mais de 20 mulheres envolvidas nas etapas de
produção e criação, do projeto inicial ao livro impresso.
O trabalho coletivo vale-se da poesia, da fotografia, de informações e histórias de vida
para proporcionar estímulo e entusiasmo. Desejando que leitoras-meninas sejam, de
fato, o que quiserem!
Lieza Neves – Jornalista
Equipe Meaning
Prefácio 27