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O
câncer é tido como uma doença
multifatorial, ou seja, são vários
aspectos que contribuem para
desencadear a doença. Alguns podem ser
evitados, outros são imutáveis e alguns
ainda são desconhecidos da ciência. No
entanto, é relevante dizer que, mesmo que
as pessoas adotem hábitos saudáveis, há
famílias com maior incidência da doença.
Questões culturais e costumes alimentares
e de vida podem ser um dos motivos. Os
imigrantes japoneses são exemplo disso. No
Japão, a taxa de câncer de estômago é mais
elevada do que no Brasil, porém os japoneses
que aqui nasceram ou chegaram muito
jovens passaram a ter um risco para esse
tipo de câncer semelhante aos brasileiros,
mostrando que a mudança na alimentação
levou à redução da doença. Isso denota
que a questão sociocultural e hábitos de
vida podem explicar a maior incidência do
mal em algumas famílias. Mas temos que
considerar também as mutações genéticas
nesses familiares, que facilitam o surgimento
dos tumores. Para identificar esses casos, é
importante conversar com o médico sobre o
histórico familiar em parentes de linhagem
sanguínea direta (pais, avós, irmãos e filhos).
Na presença de casos de câncer de ovário,
mama, intestino e pâncreas em algum desses
membros e especialmente em idade precoce,
tem que pesquisar o histórico também de
tios e primos. Só assim dá para avaliar o
risco de mutação genética na família. Se a
pessoa mais velha que teve câncer estiver
em condições, ela será encaminhada a um
geneticista. Ele vai estabelecer qual painel
genético deve ser estudado em busca de
mutações. Frente ao resultado, o especialista
elabora uma carta de recomendação baseada
na idade e risco de câncer que aquela(s)
mutação(ões) traz (em). Essa carta é enviada
ao médico, que acompanha o paciente para
que, então, ele o enquadre no grupo de risco
adequado e inicie o tratamento necessário
para a redução de risco de vir a ter qualquer
tipo de câncer.
Envie suas dúvidas para Alexandre Pupo pelo e-mail [email protected]
Por que o câncer é mais
comum em algumas famílias?
| Ginecologista |
Segundo o INCA
(Instituto Nacional
de Câncer), estima-
se que em 2019
teremos 60 mil
novos casos de
câncer de mama no
Brasil, sendo esse o
mais comum entre
as mulheres. Já o
câncer de colo de
útero serão pouco
mais de 16 mil e o de
ovário pouco mais
de 6 mil.
Saber se a pessoa
é portadora de
mutação genética
com risco para o
desenvolvimento
de câncer permite
a realização de
ações preventivas
que protegem e
podem mudar a
expectativa de vida.
Por isso, a realização
do exame de
avaliação genética
é primordial. O
resultado pode
trazer luz ao
problema e ajudar
na solução.
ALEXANDRE PUPO
Ginecologista do Hospital
Sírio-Libanês, obstetra,
membro do corpo clínico do
Hospital Albert Einstein.
Ele também é mastologista e
membro titular do núcleo de
mastologia do Hospital Sírio-
Libanês. É diretor clínico da
Clínica Souen, onde atende:
http://www.clinicasouen.com.br
“A questão sociocultural
e hábitos de vida podem
explicar a maior incidência
de câncer em algumas
famílias. Mas é preciso
considerar também
as mutações genéticas
nesses familiares, que
facilitam o surgimento
dos tumores”
A importância da
avaliação genética
Incidência de
novos casos
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