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A4 SÁBADO, 11 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
COLUNA DO
ESTADÃO
Política
»SINAIS
PARTICULARES.
Osmar Terra,
deputado federal
(MDB-RS)
»A.C. Entre 2 de agosto do
ano passado e 26 de março
último, Crivella ganhou em
média 219 novos seguidores
por dia, totalizando quase
52 mil no período. Foram
consideradas as páginas do
prefeito no Facebook, Twit-
ter, Instagram e YouTube.
»D.C. Desde a entrada de
Carlos e Flávio no partido,
Crivella passou a ter uma
média de 1.351 novos segui-
dores a cada dia, totalizan-
do mais de 20 mil novos
em apenas duas semanas
nas quatro redes sociais.
»Jogada certa. De acordo
com a consultoria, é possí-
vel dizer que há uma ten-
dência da rede bolsonarista
de criar um cordão de pro-
teção a Marcelo Crivella,
candidato à reeleição.
»Comparação. Abandona-
do pelos bolsonaristas des-
de que rompeu com Jair
Bolsonaro, o governador do
Rio, Wilson Witzel, ganhou
apenas 6 mil seguidores des-
de 27 de março.
»Help. A morte de um indí-
gena da etnia Ianomâmi em
Boa Vista (RR) fez crescer a
preocupação da prefeita Te-
resa Surita (MDB). À Colu-
na, ela disse que a cidade,
com poucos leitos de UTI,
tem cerca de 11 mil venezue-
lanos e populações indíge-
nas nos arredores.
»Só. Teresa diz estar sozi-
nha defendendo a política
de isolamento, enquanto o
governador Antonio Dena-
rium (PSL) atua mais ali-
nhado a Bolsonaro, pela fle-
xibilização das regras.
»Help 2. “Não sei mais o
que eu faço. Todas as medi-
das que você possa imagi-
nar a gente já tomou. Até
desligar as luzes das praci-
nhas da cidades”, disse. O
pico da curva do coronaví-
rus em Roraima deve ser
no começo de maio.
»Insalubre. Auxiliares do
ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, estão
preocupados com o chefe.
Segundo contam, ele está
se alimentando muito mal
e trabalhando em média 18
horas por dia. Quando co-
me, é na mesa de trabalho.
»Preocupação. A família
de Mandetta está agoniada
com a fritura pública do mi-
nistro. O pedido de ajuda
foi parar nos primos parla-
mentares dele, Nelsinho e
Fabio Trad (ambos do
PSD-MS). Eles demonstra-
ram solidariedade, mas dis-
seram que pouco podem
ajudar com Bolsonaro.
»Anota aí. O deputado Os-
mar Terra (MDB-RS), guru
de Bolsonaro para assuntos
de saúde, profetiza: o isola-
mento deve acabar lá pelo
dia 21. Segundo o ex-minis-
tro da Cidadania, a covid-
deve começar a arrefecer
no País a partir dessa data.
»Na mão. A Defesa come-
çou a cadastrar, no resgate
dos brasileiros em Wuhan,
empresas produtoras de in-
sumos de higiene e de saú-
de, como álcool, aventais,
desinfetantes e máscaras.
São mais de 88 empresas e
271 produtos disponíveis. A
lista é pública e comparti-
lhada com Mandetta.
COM MARIANA HAUBERT
E MARIANNA HOLANDA
A
estratégia do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella, de se aproximar da família Bolsonaro em
busca de musculatura eleitoral parece estar dando
certo, ao menos nas redes sociais. Levantamento da con-
sultoria Bites, feito a pedido da ‘Coluna’, mostra que, des-
de a filiação de Carlos e Flávio Bolsonaro ao Republicanos,
em 27 de março, Crivella ampliou sua influência digital,
principalmente entre bolsonaristas, e ganhou quase a me-
tade dos seguidores obtidos em oito meses. Carlos é visto
como o principal puxador de votos da legenda no Rio.
Clã Bolsonaro dá fôlego
a Crivella nas redes
ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
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POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
KLEBER SALES/ESTADÃO
Ação questiona
redução de poder da
Controladoria. Pág. A
São Paulo
China: ‘irresponsáveis’ não
vão abalar relação com País
Porta-voz da Embaixada chinesa diz que diálogo entre as nações é maduro, mas declarações do
ministro da Educação e de Eduardo Bolsonaro afetam ‘ambiente de negociação e cooperação’
Jussara Soares / BRASÍLIA
O porta-voz da Embaixada da
China no Brasil, o ministro-
conselheiro Qu Yuhui, disse
ontem que a relação entre os
dois países não será facilmen-
te abalada por “um ou dois in-
divíduos irresponsáveis”, se
referindo ao deputado fede-
ral Eduardo Bolsonaro (PSL-
SP), filho do presidente Jair
Bolsonaro, e ao ministro da
Educação, Abraham Wein-
traub. Ambos usaram as re-
des sociais para fazer críticas
consideradas xenófobas e ra-
cistas pelo país asiático.
Em videoconferência com jor-
nalistas brasileiros, o porta-voz
afirmou que esse tipo de declara-
ção não favorece o ambiente de
negócios e de cooperação. “Não
são favoráveis à manutenção de
um bom ambiente de negocia-
ção e cooperação entre dois paí-
ses. Por outro lado, as relações
entre Brasil e China são muito
maduras. Essa parceria é um tra-
balho de várias gerações, de mui-
tos esforços de muitas pessoas
dedicadas a essas causas, que
não vai ser abalada ou danifica-
da facilmente por um ou dois in-
divíduos irresponsáveis”, disse.
O ministro-conselheiro refor-
çou que a China segue sem com-
preender a razão dos comentá-
rios “lamentáveis e irresponsá-
veis”. “Até hoje não consegui-
mos entender por que eles fize-
ram este tipo de declarações.
Ou é pela ignorância, ou é por
outras intenções que não sabe-
mos quais são. Como figuras pú-
blicas, eles devem ter uma noção
do peso da responsabilidade.”
Weintraub usou as redes so-
ciais no último dia 4 para fazer
insinuações sobre supostos be-
nefícios que a China teria com a
crise do coronavírus. O minis-
tro usou o jeito de falar do perso-
nagem Cebolinha, criado por
Maurício de Sousa, que troca o
“r” pelo “l”. A intenção do minis-
tro era ridicularizar o fato de al-
guns chineses, quando falam o
português, também trocarem o
som das letras.
No texto, Weintraub insi-
nuou que a pandemia da covid-
19 seria um plano infalível chi-
nês para dominar o mundo. De-
pois da repercussão negativa,
ele apagou a mensagem.
No fim de março, Bolsonaro
conversou com presidente da
China, Xi Jinping, após Eduar-
do ter culpado o país pela disse-
minação do coronavírus.
“Quem assistiu Chernobyl vai
entender o que ocorreu. Substi-
tua a usina nuclear pelo corona-
vírus e a ditadura soviética pela
chinesa. Mais uma vez, uma di-
tadura preferiu esconder algo
grave a expor, tendo desgaste,
mas que salvaria inúmeras vi-
das. A culpa é da China e liberda-
de seria a solução”, escreveu o
deputado ao compartilhar pos-
tagens acusando o governo chi-
nês pela pandemia.
Segundo o Ministério da Eco-
nomia, o fluxo de comércio (ex-
portações e importações) do
Brasil com a China é de cerca de
US$ 100 bilhões. Os chineses
respondem por 27,8% das expor-
tações e 20% das importações –
o primeiro país tanto nas vendas
como nas compras. O superávit
para o Brasil é de US$ 30 bilhões.
Um estremecimento nas rela-
ções com o país asiático alerta
líderes do agronegócio brasilei-
ro, que recentemente pediram
cautela e pacificação na relação
dos dois países diante das incer-
tezas causadas pelo avanço da
pandemia do coronavírus.
Na conversa com os jornalis-
tas, o porta-voz chinês disse ain-
da que as declarações do filho
do presidente e do ministro da
Educação alimentam “um cer-
to sentimento anti-China, racis-
ta ou xenófobo contra China”.
Qu Yuhui afirmou que a parce-
ria entre China e Brasil será im-
portante não apenas para en-
frentar o novo coronavírus,
mas, sobretudo, para depois que
a pandemia for superada. “A par-
ceria continuará sendo impor-
tante para os dois lados”, disse.
“Nossas economias são muito
complementares. Temos neces-
sidades cotidianas e estratégi-
cas para fomentar a nossa coope-
ração. Mas isso requer um cuida-
do, um carinho muito especial.
Temos que colocar tijolos nessa
parceria, em vez de tirar os ali-
cerces desse edifício”, disse.
Cooperação. Apesar do estre-
mecimento diplomático, a Chi-
na, segundo o porta-voz, segui-
rá cooperando com o Brasil no
enfrentamento ao coronavírus,
mantendo contato com o Itama-
raty e o Ministério da Saúde. No
último dia 7, o ministro Luiz
Henrique Mandetta procurou a
embaixada chinesa para pedir
um esforço comum para a entre-
ga de equipamentos médicos.
O Estado procurou ontem
Eduardo Bolsonaro e Wein-
traub, mas até a conclusão des-
ta edição eles não haviam se ma-
nifestado.
Júnior Bozzella
O presidente da Câmara do De-
putados, Rodrigo Maia (DEM-
RJ), afirmou ontem que acredita
na permanência de Luiz Henri-
que Mandetta no Ministério da
Saúde, apesar das divergências
entre o presidente Jair Bolsona-
ro e o auxiliar. Segundo Maia, co-
mo Bolsonaro serviu às Forças
Armadas, ele sabe que “no meio
da guerra, mudar o general qua-
tro estrelas não é o melhor mo-
mento”, porque teria que modifi-
car toda a estrutura e isso levaria
entre dois e três meses. O presi-
dente da Câmara vê sinais de me-
lhora no relacionamento entre o
ministro e o presidente.
“O Bolsonaro é um cara que
gosta de fazer frases e mandar
recados, mas foi ele quem no-
meou o Mandetta e conhecia as
suas qualidades. Ele disse que,
na guerra, de forma nenhuma ia
mandar embora o ministro. Fi-
co com essa frase para crer na
manutenção do Mandetta”, afir-
mou o deputado, em entrevista
ao apresentador José Luiz Date-
na, na Rádio Bandeirantes. Na en-
trevista, Maia também elogiou
o trabalho do ministro da Econo-
mia, Paulo Guedes. “É um qua-
dro de grande qualidade”.
Na segunda-feira passada, em
meio a rumores de que seria de-
mitido, Mandetta se reuniu com
Bolsonaro e, depois, em entre-
vista coletiva, disse que perma-
neceria no cargo. Na ocasião, pe-
diu “paz” para chefiar a pasta e,
sem citar diretamente o presi-
dente, reclamou de críticas que,
em sua visão, criam dificuldades
para o seu trabalho. Na quarta-
feira, os dois voltaram a se reu-
nir. De acordo com um auxiliar
do presidente, Bolsonaro e Man-
detta estão “acertando os pon-
tos para seguir em frente”.
Anteontem, o ministro da Cida-
dania, Onyx Lorenzoni (DEM-
RS), e o deputado federal Osmar
Terra (MDB-RS) defenderam a
demissão de Mandetta. Em con-
versa divulgada pela CNN Brasil,
Onyx diz que não fala com Man-
detta há dois meses e que, se esti-
vesse na cadeira do presidente
Jair Bolsonaro, teria “cortado a ca-
beça” dele após a reunião no Palá-
cio do Planalto na segunda-feira. /
WELLINGTON BAHNEMANN e DENISE
ABARCA
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
PRONTO, FALEI!
Maia compara Mandetta a
‘general de quatro estrelas’
Bolsonaro tenta romper isolamento político. Pág. A6 }
l ‘Ignorância’
JUSSARA SOARES/ESTADÃO
Videoconferência. Porta-voz Qu Yuhui durante entrevista a jornalistas brasileiros; China é o principal parceiro comercial do País
“Na luta entre a vida e a morte, o bolsonarismo radi-
cal escolhe a política, pois a ganância pelo poder
sempre foi a sua principal aliança.”
Deputado federal (PSL-SP)
»CLICK. Contra o corona-
vírus, o deputado Rodrigo
Agostinho (PSB-SP) con-
seguiu a doação de equi-
pamentos de proteção
individual para seis hospi-
tais do interior paulista.
COLUNA DO ESTADÃO
Presidente da Câmara diz
que ‘Bolsonaro sabe’ que
não deve demitir o chefe
da Saúde em meio à
‘guerra’ da pandemia
“(As declarações) não são
favoráveis à manutenção
de um bom ambiente de
negociação e cooperação
entre dois países.”
“Até hoje não conseguimos
entender por que eles
(Eduardo e Weintraub)
fizeram este tipo de
declarações. Ou é pela
ignorância, ou é por outras
intenções que não sabemos
quais são. Como figuras
públicas, eles devem ter
uma noção do peso da
responsabilidade.”
Qu Yuhui
PORTA-VOZ DA EMBAIXADA
DA CHINA NO BRASIL