%HermesFileInfo:B-7:20200413:
O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2020 Economia B
Thiago LascoDe 2019 para cá muita gente co-
meçou a falar – e a investir – em
fundos de investimento imobi-
liários (FII). Com os sucessivos
cortes na taxa básica de juros,
hoje em 3,75% ao ano, o retorno
das aplicações em renda fixa foi
sendo achatado. Isso forçou o
investidor a buscar alternativas
para preservar a rentabilidade
de sua carteira. E muitos viram
nos fundos imobiliários uma op-
ção interessante, capaz de en-
tregar ganhos consistentes.
Em pouco mais de um ano, o
número de investidores dos FII
passou de 200 mil para os
atuais 762,4 mil. Esse salto foi
impulsionado pelo investidor
pessoa física, que hoje respon-
de por 76,15% das cotas e 71,72%
do volume negociado na B3. São
228 fundos, com um patrimô-
nio líquido de R$ 94,5 bilhões,
negociados na Bolsa de Valores.Mas a migração em massa de
egressos da renda fixa nem sem-
pre foi acompanhada das infor-
mações necessárias sobre a na-
tureza, o funcionamento e os
riscos desse tipo de investimen-
to. O pagamento de dividendos
mensais feito por grande parte
dos FII os aproxima, nesse as-
pecto, de algumas aplicações de
renda fixa. Mas as semelhanças
param por aí. A possibilidade de
oscilações bruscas no valor das
cotas, típica da renda variável,
assustou os que pensavam es-
tar entrando em um produto de
baixo risco. “A gente escutou
muito por aí que ‘fundo imobi-
liário é uma renda fixa turbina-
da’, mas isso é mentira. O valor
da cota pode cair como o de
qualquer ação”, diz Daniela Ca-
sabona, sócia da FB Wealth.O fundo vale quanto pesa? Co-
mo o patrimônio de um FII é
formado por um ou vários imó-
veis, o valor desse patrimônio
dá lastro ao fundo e, em tese, ao
valor das cotas, que são peque-
nas frações desse bolo. Nem
sempre, porém, o valor de nego-
ciação das cotas é um espelho
fiel da fração do todo que elas
representam.Com a explosão da pandemia
do coronavírus, e meio ao pâni-
co do mercado financeiro, mui-
tos fundos viram o valor das co-
tas derreter e passaram a ser ne-
gociados muito abaixo do valor
patrimonial.
No ramo de shopping cen-
ters, duramente atingidos pela
crise, o XP Malls, com quase 182
mil cotistas, viu o preço
da cota cair de R$
138,80 em 4 de mar-
ço para R$ 92,
em 9 de abril. Um
movimento seme-
lhante teve o HSI
Mall, que detém
mais de 71 mil cotis-
tas: de R$ 117,25 para
R$ 82,30 no período.
“Claro que existe razão para a
queda. Shoppings e escritórios
vão ter alguns meses de dor de
barriga, assim como a econo-
mia como um todo. Mas houve
exagero”, afirma Eduardo Ma-
lheiros, CEO da Habitat Capi-
tal. “O imóvel é um ativo que se
carrega para a perpetuidade. A
renda de locação pode ser zero
em meses críticos, mas aí o es-
critório perderia 10% do valor.
As cotas derreterem 40% é algo
desproporcional. Não é porqueum shopping passou três
meses fechado que ele pas-
sou a valer 40% a menos.”Dividendo ainda atrati-
vo? A legislação determi-
na que os fundos distri-
buam pelo menos 95% dos
lucros aos cotistas, uma
vez a cada semestre. Mas a
maioria paga dividendos
todo mês. Essa é uma for-
ma de atrair mais investi-
dores, para quem é interes-
sante contar com uma ren-
da mensal. Nesse caso, o
gestor do fundo estima de
quanto será o lucro no se-
mestre, reparte esse valor
em seis parcelas mensais
e, ao longo do período, vai
fazendo os ajustes neces-
sários nos pagamentos se-
guintes, conforme essa
projeção se confirme ou
não.
Nesta crise, po-
rém, muitos tive-
ram de suspen-
der ou reduzir
a distribuição
de dividen-
dos, o que é na-
tural. Afinal,
os resultados
obtidos pelo fun-
do com a exploração
dos imóveis também enco-
lheram com a crise. O fun-
do HSI Mall diminuiu o va-
lor a ser pago por cota de
R$ 0,60 para R$ 0,22, uma
queda de 63,3%. Já no Vin-
ci Shoppings, o pagamen-
to em março passou de R$
0,63 para R$ 0,30, uma re-
dução de 52,4%.
O head de real estate da
Vinci, Leandro Bousquet,
conta que o Vinci Shop-
pings não suspendeu os pa-
gamentos porque a situa-
ção financeira do fundo
permitiu manter os repas-
ses, ainda que com valor
reduzido. “Além de um cai-
xa confortável, ainda te-
mos alguma reserva de re-
sultados acumulados para
distribuir, o que nos deixa
protegidos neste momen-
to”, diz ele. “Como não há
horizonte definido para a
reabertura das lojas e a re-
tomada do consumo, va-
mos reavaliar o cenário
mês a mês.”
Para quem já entrou ou
está pensando em entrar
nos FII, é importante mo-
derar as expectativas. As
perspectivas são boas,
mas é preciso ter paciên-
cia. Os rendimentos de-
vem voltar a subir depois
que a crise passar.Investidores foram
atraídos pelos gordos
dividendos, mas agora
sentiram no bolso o
corte do pagamentoPor que os fundos
imobiliários estão
ferindo os cotistas
TIPO DE INVESTIMENTO RENTABILIDADE VOLATILIDADE (RISCO) LIQUIDEZRenda FixaNo pós-fixado, é atrelada ao CDI, que
segue a Selic. O pré-fixado paga, no
vencimento, percentual sobre o valor
investido. O atrelado ao IPCA paga a
variação desse índice, mais prêmio em
jurosTítulo pós tem risco baixo. O pré e o
atrelado ao IPCA, se vendidos antes do
vencimento, sofrem marcação a
mercado. Nesse caso, investidor pode
ganhar ou perder dinheiro, conforme
taxa de juros do momentoImediata. Conforme o tipo de aplicação,
investidor recebe o dinheiro no mesmo
dia do resgate ou em até 2 dias úteis.
Alguns fundos, porém, têm prazo de
resgate maior, de até 30 diasImóvelSe alugar o imóvel, proprietário recebe
mensalmente do inquilino. Aluguéis são
reajustados pelo IGP-M na renovação do
contrato.Se não alugar, terá de pagar
despesas: condomínio e IPTU.Valorização do imóvel depende
da demanda na região. Momentos de
crise tendem a derrubar preços de forma
geral. Locação tem riscos de vacância
(pela falta de inquilino) e inadimplênciaMuito baixa. É preciso encontrar um
comprador interessado no imóvel, o que
pode levar anos. Caso necessite de di-
nheiro, proprietário terá de oferecer
desconto agressivo no preço de vendaFundo imobiliárioPor lei, fundos distribuem 95% dos
lucros a cada semestre. Mas a maioria
paga dividendos mensais. Em situações
adversas, fundo pode suspender esse
pagamentoValor das cotas está sujeito a abalos
quando fatores conjunturais afetam
desempenho dos ativos imobiliários da
carteira. Mas oscilações são menos
bruscas que as das açõesAlta. Investidor pode vender as cotas
quando desejar e recebe o dinheiro
dentro de dois dias. Cotas são negocia-
das no mercado secundário da Bolsa de
ValoresAçõesAlgumas empresas pagam proventos
aos acionistas, sob a forma de
dividendos, juros sobre capital próprio
ou bonificações; outras, não. Acionista
pode vender suas posições com lucro,
se elas tiverem se valorizadoValor das ações pode sofrer oscilações
repentinas em meio a instabilidades na
economia e outros fatos relevantes para
a empresa. Em caso de quebra da empre-
sa, ações passam a valer zero e acionista
perde o dinheiro investidoRelativa. Ações podem ser vendidas no
mesmo dia - desde que haja demanda e
comprador para elas. Ações de grandes
empresas que compõem o índice Boves-
pa têm liquidez maior que a de empre-
sas menores e menos conhecidasD
iante de alguns números recentemente publi-
cados, um amigo me perguntou do quê os
seguradores estão se queixando. Com a que-
da dos roubos de veículos eles estariam ga-
nhando um monte de dinheiro. É quase ver-
dade, mas não é bem verdade.
Realmente houve uma queda importante no número de
roubos de veículos e acidentes de trânsito. De outro lado,
houve uma queda de pouco mais de 20% na fabricação, co-
mercialização e exportação de veículos. Entre secos e mo-
lhados, a conta pesa contra as seguradoras. A redução dos
sinistros na carteira de automóveis não é suficiente para
fazer frente à redução dos prêmios gerados pela mesma
carteira.
Importante lembrar que o seguro de veículos, durante
muitos anos, foi o principal seguro de bens comercializado
no País, chegando a significar mais de 35% do total do fatu-
ramento do setor, com algumas seguradoras tendo mais de
80% de sua produção gerada por ele. Não é pouca coisa,
tanto que levou muitas décadas para o seguro de pessoas
suplantar o peso do seguro de veículos no total do fatura-
mento da atividade.
Nos últimos anos, em função da crise econômica, a venda
de carros novos já havia caído significativamente, o que quer
dizer que a perda de faturamento com o seguro de veículos
apenas se acentuou, depois da chegada do coronavírus.
Esta tendência não é nova e, no mundo todo, a utilização
de veículos vem sofrendo alterações que impactam para me-
nos a produção, principalmente, de automóveis e seus deri-
vados. Compartilhamento, veículos de aplicativos, transpor-
te coletivo, motos, bicicletas, patinetes, etc., chegaram para
ficar e comeram um pedaço do espaço dos automóveis.
Assim, a queda dos sinistros na carteira de veículos é
bem-vinda, mas não é suficiente para compensar a perda
de faturamento com os seguros para automóveis novos,
agravada pela recente queda da produção, comercialização
e exportação decorrente da pandemia do coronavírus.
Também parece que os roubos e furtos em geral estão
em queda, o que é muito bom para a sociedade, mas não
tem impacto tão significativo no setor de seguros, já que
grande parte das ocorrências, incluído o roubo de cargas,
não são seguradas.
Tudo no mundo tem mais de dois lados. Se, por causa da
pandemia, houve uma redução do número de determina-
das ações criminosas, de outro, uma série de situações ines-
peradas coloca sua conta na mesa e o total não é pequeno.
Quanto as operadoras de saúde brasileiras irão pagar em
função de seus segurados serem contaminados pela covid-
19? Qual o aumento da sinistralidade da carteira de segu-
ros de vida?
Nós ainda não temos condições de saber qual a quantida-
de de pessoas atingidas pela pandemia do coronavírus que
terão necessidade de atendimento médico-hospitalar e
muito menos qual o total de mortos. Mas 300 mil interna-
ções não é um número fora de propósito e 50 mil mortes
também não é exagerado.
Como se não bastasse, a pandemia trouxe no seu bojo
novas formas de ações criminosas e elas podem custar bi-
lhões de reais em prejuízos concretos para milhares de em-
presas e pessoas direta ou indiretamente vítimas de ata-
ques cibernéticos. O isolamento social aumenta o uso da
internet e consequentemente torna mais vulneráveis os
sistemas de informática em geral.
Além dos ataques cibernéticos, os golpes contra cartões
de crédito estão em expansão e encontram campo fértil na
solidão forçada de milhões de pessoas trancadas em casa.
Mas, mais importante, ou grave, é que a economia em
2020 entrará em recessão, e não será uma recessão de
0,5%. Países como a Alemanha, o Japão, os EUA e a China
já falam em recessão de até dois dígitos. Se neles o preço
da conta pode chegar nestes patamares, como o Brasil es-
pera se sair bem, se depende exatamente desses países pa-
ra exportar os produtos primários que são o forte de nossa
economia?
Numa recessão profunda é difícil algum setor ganhar di-
nheiro, e fica mais difícil quando ele depende do desenvol-
vimento nacional para vender seus produtos, como aconte-
ce com seguros.]
SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA
E SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRASFechado. Atingido pelo isolamento, ramo de shoppings viu preço das cotas cair e deve ter meses difíceis pela frenteMudança
de rumo
lVeja a rentabilidade e o risco de diferentes opções de investimentoPARA COMPARAR762 mil
É O NÚMERO DE
INVESTIDORES
EM FUNDOS
IMOBILIÁRIOSl]
ANTONIO PENTEADO
MENDONÇAArtigo
NATAL SHOPPINGmercados
US$ 1/NY1 Euro/EuropaLondres1 Libra/ BrasilR$ 1/
Dólar americano 1,000 1,0933 1,2467 0,
Euro 0,915 1,0000 1,1405 0,
Franco suíço 0,966 1,0562 1,2047 0,
Libra esterlina 0,802 0,8770 1,0000 0,
Iene 108,419 118,5155135,2400 21,Venc. Aju. C. Abe. Min. Máx.Var.%
Açúcar NY* MAI/20 10,43 257.134 10,27 10,60 0,
Café NY* JUL/20 119,75 59.823 118,15 122,60 -0,
Soja CBOT** MAI/208,64 217.658 8,5388,670 1,
Milho CBOT** JUL/20 3,37448.553 3,3303,3880,AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS FONTE: IDCTrabalhador assalariado e doméstica*
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA
Até R$ 1.045,00 7,5%
De 1.045,01 até R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,061 14%Maiores altas do Ibovespa INSS - Competência (Abril)
R$ Var. % Neg.
CVC BRASIL ON NM 12,95 10,21 19.
ECORODOVIAS ON NM 10,70 5,63 18.
ELETROBRAS ON N1 25,26 5,29 31.
Maiores baixas do Ibovespa
SUZANO S.A. ON NM 35,40 -6,74 37.
B2W DIGITAL ON NM 57,73 -5,96 13.
LOCALIZA ON NM 30,15 -5,49 47.
No mundo Pontos Dia%Mês% Ano%(^1) Nova York DJIA 23.719,37 1,22 8,22-16,
(^1) Frankfurt - DAX 10.564,74 2,24 6,33 -20,
(^1) Londres - FTSE 5.842,66 2,90 3,01-22,
(^1) Tóquio - NIKKEI 19.498,50 0,79 3,07-17,
IBOVESPA: 77.681,94 PONTOS 1 DIA -1,20 (%) MÊS 6,38 (%) ANO -32,83 (%)
Tesouro Direto (*)
Venda Dia % Mês % Ano %
Dólar Comercial 5,0942 -0,95 -1,97 26,
Dólar Turismo 5,2470 -0,87 -1,74 26,
Euro 5,5670 -0,25 -2,83 23,
Ouro 284,000 4,80 7,62 40,
WTI US$/barril 23,1700 -11,23 15,27 -62,
IBrentUS$/barril 31,8200 -1,76 22,76 -51,
IGP-M (FGV) 1,0681 IPCA (IBGE)1,
IGP-DI (FGV) 1,0701 INPC (IBGE) 1,
IPC-FIPE 1,0322 ICV-DIEESE1,
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE OCOR-
REU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR
DATA TAXA ANOTAXA DIA MÊS% ANO%
CDB ( / ) 3,54 0,00 -2,75 -19,
CDI 3,65 0,00 0,00 -17,
TR/TBF/Poupança/Poupança Selic (%) CDB - CDI
7/4 a 7/5 0,0000 0,2331 0,5000 0,
8/4 a 8/5 0,0000 0,2331 0,5000 0,
9/4 a 9/5 0,0000 0,2342 0,5000 0,
Índice Fevereiro Março No ano12 Meses
INPC (IBGE) 0,17 0,18 0,54 3,
IGPM (FGV) -0,04 1,24 1,69 6,
IGP-DI (FGV) 0,01 1,64 1,75 7,
IPC (FIPE) 0,11 0,10 0,50 3,
IPCA (IBGE) 0,25 0,07 0,53 3,
CUB (Sinduscon) -0,01 0,09 0,43 3,
FIPEZAP-SP (FIPE) 0,15 0,29 0,78 2,
Inflação (%) Moedas e Commodities
AUTÔNOMO (BASE EM R$) ALÍQUOTA A PAGAR (R$)
De 1.039,00 a 6.101,06 20% De 207,80 a 1.220,
Vencimento 7/5. O porcentual de multa a ser aplicado fica
limitado a 20%, mais taxa Selic.
Agrícolas - Mercado Futuro
VENCIMENTO (*)ANO (%) R$*
Tesouro IPCA 15/8/2026 3,46 2.670,
15/5/2035 4,56 1.694,
Com Juros Semestrais 15/8/2030 3,85 3.937,
Tesouro Prefixado 1º/1/2023 5,03 875,
1º/1/2026 7,07 676,
Tesouro Selic 1º/3/2025 0,03 10.572,
()TÍTULOS A VENDA
Índices de reajuste do aluguel (Abril)
Agrícolas - Mercado Físico
Soja Ult. Var. (%)Var. 1 ano(%)
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 100,07 -1,07 30,
Boi
CEPEA/ESALQ, R$/@ 198,05 -1,85 24,
Milho
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 56,41 -0,08 52,
Café*
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 584,08 -0,75 49,
VALORES DE MERCADO REFERENTES AO PREGÃO DE 09/04/
() Em cents por libra-peso (**) Em US$ por bushel