O Estado de São Paulo (2020-04-13)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-2:20200413:
H2 Especial SEGUNDA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SELO SESC
sescsp.org.br/selosesc

A plataforma Sesc Digital funciona como
um espaço de descobertas na internet: você
encontra áudios, vídeos, imagens e publicações
de parte do acervo formado pela instituição
ao longo de seus mais de 70 anos. O endereço
reúne ainda seleções inéditas de conteúdos,
como por exemplo a EAD Sesc Digital, uma
ferramenta de educação a distância dedicada
à oferta de cursos livres.

Tarsila do Amaral,
A Modernista
Nádia Battella Gotlib
Em edição revista e ampliada,
biografia reúne textos e imagens
do percurso de vida e da criação
de uma das maiores artistas
plásticas do país.

EDIÇÕES SESC
sescsp.org.br/edicoes
Sétima Arte:
Um Culto Moderno
Ismail Xavier
A fixação do conceito de cinema
como espetáculo no Brasil e
sua relação com as vanguardas
artísticas do início do século XX
são abordadas nesta edição da
revista e ampliada.

revista e
sescsp.org.br/revistae

SESCTV
sesctv.org.br

sescsp.org.br


A Revista E de abril está
disponível para leitura
digital. Baixe gratuitamente
e acompanhe entrevistas,
reportagens, artigos e
textos literários.

A Cidade no Brasil


  • Sertão Cidade e
    Segregação
    Reflexões sobre a cidade e o modo
    de vida urbano, em comparação à
    vida no campo, no sertão e no litoral
    do Brasil. Direção: Isa Grinspum
    Ferraz.
    Dia 16/4, quinta, às 21h.


Revolta dos Malês
Africanos muçulmanos trazidos
da atual Nigéria e escravizados
no Brasil, se rebelam contra
a opressão. Direção: Belisario
Franca e Jeferson De.

L

L

36 SÉRIES COM MAIS DE 800 VÍDEOS
ON DEMAND

O Canto Afro
de Sapopemba
Cantor popular e de tradições
afrobrasileiras, José Silva dos
Santos revela que é no volante
que nasce boa parte de sua arte
e sua conexão com a natureza.
Imagens do universo da estrada do
músico alagoano foram reveladas
no documentário O Canto Afro de
Sapopemba , que retrata o período
das gravações de seu último disco,
lançado pelo Selo Sesc.

Recordações Musicais
Qual o primeiro disco que te
marcou? Que disco você está
ouvindo agora? Qual você ouviria
para sempre? Essas três perguntas
passaram pela cabeça dos
músicos que trabalharam com o
Selo Sesc e foram respondidas na
websérie Recordações Musicais.

Cores do Futebol
A relação da sociedade com o
futebol está em pauta nesta série
de curtas-metragens de países
como Argentina, Brasil, Coreia do
Sul, Espanha, Irã, México e Taiwan.

Leitores
Alice Ruiz lê Alice Ruiz
Neste registro inédito , a escritora
curitibana lê e comenta trechos
selecionados de sua autoria.

O Teatro Segundo
Antunes Filho
O programa é um mergulho
ao universo do diretor; revela
suas técnicas e identifica suas
colaborações para o desenvol-
vimento do teatro brasileiro.

Rashid
Íntegra do show que o rapper
mineiro apresentou em 2015, no
Sesc Araraquara. No repertório
estão faixas como A Cena e
Depois da Tempestade.

Guinga e Quinteto
Villa-Lobos
O grupo de música de câmara e
o violonista carioca apresentam o
show do CD Rasgando Seda , no
programa Instrumental Sesc Brasil.

Fortuna – Tic Tac Tati
Neste álbum disponível para
audição, a cantora Fortuna e o
músico Hélio Ziskind exploram
poemas e histórias da escritora
russo-brasileira Tatiana Belinky.

app sesc são paulo


Revistas e catálogos,
com conteúdos multimídia
exclusivos. Capture o
código QR e baixe o app
gratuitamente.

Sesc


Digital


sescsp.org.br/
sescdigital

DISPONÍVEL ON DEMAND

DISPONÍVEL ON DEMAND

SONIA RACY


DIRETO DA FONTE
Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Sofia Patsch [email protected]

A ideia de que um dia estaria
na televisão nunca pareceu
um sonho distante para Éri-
co Brás. A infância vivida no
bairro do Curuzu, em Salva-
dor – com as dificuldades típi-
cas de um menino que cres-
ceu em um bairro de periferia


  • e a entrada precoce em um
    grupo de teatro, aos 7 anos,
    foram combustível para o
    ator, que hoje apresenta, ao la-
    do de Fabiana Karla e Fernan-
    da Gentil, o programa Se Jo-
    ga
    , nas tardes da Globo. “Eu
    sonhava muito, tinha uma ca-
    beça aberta. Esse grupo de
    teatro que eu
    participava já
    primava muito
    pelo protesto,
    eles questiona-
    vam determina-
    das posições na
    sociedade brasileira, inclusi-
    ve na arte e exclusivamente
    na televisão, que não tinha
    atores negros protagonizan-
    do novelas nem apresentado-
    res negros”, diz. À repórter
    Marcela Paes , Érico falou so-
    bre a interrupção da atração
    após a pandemia de coronaví-
    rus, além dos aspectos da dis-
    seminação da doença em bair-
    ros pobres e da representativi-
    dade do negro na arte. Leia
    abaixo a entrevista.


lO Se Joga interrompeu as
gravações. Como tá sendo li-
dar com essa situação da qua-
rentena?
Tem me doído muito. Por-
que o Se Joga é um novo de-

safio na minha vida, eu abracei
com muita força. A gente es-
treou 30 de setembro e de lá
pra cá vínhamos conquistando
o público, ganhando espaço. As
pessoas me perguntam nas re-
des sociais quando vai voltar.

lVocê divide o programa com a
Fernanda Gentil e com a Fabiana
Karla. Como é essa dinâmica in-
ternamente?
Nossa dinâmica é muito sim-
ples, não tem um que faça
mais que o outro. A nossa con-
vivência também facilita isso.
A gente se dá muito bem. De-
pois do programa
a gente vai pra res-
taurante, aniversá-
rio um do outro.

lVocê, pessoal-
mente, como está
se sentindo nesse período?
Estou muito preocupado. Sem-
pre fui uma pessoa de acordar e
olhar as notícias e agora ainda
com mais frequência. O que me
parece é que vem uma recessão
mundial. De modo especial no
Brasil, em que grande parte da
população negra, por exemplo,
trabalha na rua, são trabalhado-
res informais. Me preocupa co-
mo a gente vai lidar com a eco-
nomia depois dessa pandemia.

lVocê nasceu no Curuzu, em
Salvador. Acha que em comuni-
dades como essa, com grande
aglomeração, a situação do coro-
navírus vai ser ainda pior?
Eu acho que sim. Não só a nos-
sa, mas a do mundo inteiro. As

periferias do mundo inteiro
não estão preparadas para is-
so. Não devemos romantizar.
Acho que as pessoas negras e
pobres vão ser acometidas de
uma grande e avassaladora leta-
lidade. Grande parte da popula-
ção não tem, a priori, educação
em relação aos cuidados de hi-

giene. O próprio Estado, que
está acima dessas pessoas, não
está preparado. Nós teremos
aí uma quantidade significati-
va de pessoas pretas, suburba-
nas e periféricas, mortas.

lQueria falar um pouco agora
da sua trajetória. Você começou

fazendo teatro em um grupo de
igreja, depois foi para o Olodum,
e atualmente apresenta um pro-
grama diário na Globo. Você ima-
ginava isso?
Vou te dizer uma coisa, eu não
tenho medo de ser sincero. Eu
imaginava, sim. Na minha infân-
cia comecei a fazer teatro aos
sete anos e já aí eu sonhava mui-
to, tinha uma cabeça aberta. Es-
se grupo primava muito pelo
protesto, eles já questionavam
determinadas posições na socie-
dade brasileira, inclusive na ar-
te e exclusivamente na televi-
são, que não tinha atores ne-
gros protagonizan-
do novelas nem
apresentadores ne-
gros nos progra-
mas. Com o avan-
ço da luta do povo
negro, de um pe-
ríodo pra cá, eu comecei a alme-
jar mais esse lugar.

lVoltando um pouquinho, como
é que foi a sua infância?
A minha infância foi uma infân-
cia de garoto negro da perife-
ria, sem as necessidades bási-
cas, com um pai e uma mãe tra-
balhadores assalariados, uma
escola pública sem professo-
res, sem as matérias que a gen-
te precisava. O que me salvou e
me colocou no caminho certo
foi o teatro. A arte é salvadora.

lAntes da pandemia vivíamos
um momento conturbado na área
da cultura politicamente.
Sim, isso me deixa até emocio-
nado. Quando vejo o modo co-

mo o Estado vem tratando a
arte no País, é como um sui-
cídio da sociedade brasilei-
ra. Uma sociedade que tem
respeito pela cultura prima
pela educação. É fundamen-
tal. Minha infância foi muito
parecida com a de vários jo-
vens negros brasileiros que
não conseguem ter esse pri-
vilégio de encontrar a arte.
Aí, simplesmente entram
nas estatísticas sabemos
muito bem quais são.

lQual é a importância de se
ter apresentadores negros no
maior canal de
televisão do Bra-
sil?
A gente sabe
que existe uma
necessidade ex-
trema das refe-
rências. Quando você liga a
televisão e vê a Maju Couti-
nho, por exemplo, isso auto-
maticamente entra na cabe-
ça das pessoas. É importan-
te que as pessoas se vejam
na televisão, isso forma opi-
nião. A Glória Maria e o He-
raldo Pereira cumpriram e
continuam cumprindo o pa-
pel de estrutura, de base pa-
ra que a gente pudesse che-
gar aqui agora e apresentar.
Atualmente também temos
o Mumuzinho e a Ludmila
apresentando o Só Toca Top,
no sábado. Uma pessoa ne-
gra que me vê vestindo uma
determinada roupa, passa a
acreditar que ela também
pode vestir aquela roupa.

‘As periferias não estão preparadas para isso’


Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte

LEONARDO PEQUIAR

‘TELEVISÃO NO
BRASIL NÃO TINHA
APRESENTADORES
NEGROS’

Criado no Curuzu, apresentador da Globo crê que negros serão mais atingidos por pandemia


Encontros ÉRICO BRÁS


‘O QUE ME SALVOU
E ME COLOCOU NO
CAMINHO CERTO
FOI O TEATRO’
Free download pdf