Adega - Edição 174 (2020-04)

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20 ADEGA >> Edição^174


era quase fundamental para amaciar essa aci-
dez. Hoje, a acidez não é tão alta e tão agres-
siva como no passado, então, podemos fazer
malolática em apenas 30% dos vinhos. E em
alguns anos, como 2017, Gaia e eu não fize-
mos nenhuma malolática. O conceito princi-
pal nas três vinícolas (Piemonte, Montalcino
e Bolgheri) é criar vinhos que tenham tensão
e identidade. Vinhos que expressam um lugar.
E também queremos acrescentar nosso estilo.
E nosso estilo é ditado pela Nebbiolo. Tenta-
mos aplicar o mesmo conceito que usamos
para a Nebbiolo às demais variedades com as
quais trabalhamos.

Como anda o projeto de Gaja na Sicília? É uma joint
venture?
É a primeira que fizemos, com um produtor
local que tem uma vinícola na parte norte do
Etna. Juntos, compramos terras na parte sul.
Essa zona tem grande potencial para a produ-
ção de brancos, que é o foco desse projeto. Em
função das mudanças climáticas, pensamos
que, no futuro, os brancos poderão ter maior
presença. O Etna é um lugar mágico, por-
que ao mesmo tempo transmite medo e uma
energia mágica. Os solos são muito férteis e
parecem pó de tijolo. Teremos dois vinhos,
que provavelmente serão lançados ainda em


  1. Um vai ser à base de Caricante; outro,
    de Nerello Mascalese. Ainda não temos uma
    vinícola. Estamos aguardando as licenças para
    começar a construí-la. Por enquanto, será uma


produção pequena: 3 mil garrafas do branco
e 16 mil do tinto. No futuro, a ideia é plantar
mais Caricante e focar mais a produção do
branco. É um projeto de longo prazo.

Você tem enfatizado muito o conceito dos quatro B’s.
Explique do que se trata.
Temos muito orgulho de ser uma das poucas
vinícolas italianas que ainda pertence e é ad-
ministrada por uma família. Somos conside-
rados uma vinícola artesanal, porque temos
mentalidade de artesão e um jeito artesanal
de produzir vinho. E estamos presentes nas
quatro principais denominações de origem da
Itália, os quatro B’s: Brunello, Bolgheri, Bar-
baresco e Barolo. Isso nos dá a oportunidade
de focar em quatro diferentes regiões, com di-
ferentes variedades, expressando nosso próprio
estilo de quatro formas diferentes, mas com
uma linha em termos de estilo e de produção.

Você poderia nos descrever como é, hoje, o processo
decisório na Gaja. Digamos que tem um problema para
resolver. Vocês sentam juntos para discuti-lo? Sua mãe
também participa?
Normalmente, sentamos todos juntos e con-
versamos. Todos têm um voto, que vale 5%,
e meu pai tem os 80% restantes [risos]. Meu
pai sempre diz que se sente muito orgulhoso
por ter três filhos que trabalham juntos na
vinícola. Nós crescemos juntos e nos damos
muito bem. E vamos levar isso para a próxima
geração.

“Estamos presentes
nas quatro principais
denominações de origem
da Itália, os quatro B’s:
Brunello, Bolgheri,
Barbaresco e Barolo. Isso
nos dá a oportunidade de
focar em quatro diferentes
regiões, com diferentes
variedades, expressando
nosso próprio estilo de
quatro formas diferentes,
mas com uma linha em
termos de estilo e de
produção”
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