Adega - Edição 174 (2020-04)

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História
da fama
de Barolo
está ligada
à época da
unificação
do reino da
Itália

História


Barolo
A fama de Barolo está intrinsecamente ligada à
unificação do reino da Itália no século XIX. Na
época, o país era composto por diversos pequenos
estados, cada um controlado por um reino diferen-
te. Após viagens pela França, Inglaterra e Suíça,
o filho de um latifundiário piemontês, Camillo
Benso (futuro Conde de Cavour) decidiu imple-
mentar o que havia aprendido em suas terras.
Diz-se que ele apreciou os vinhos borgonhe-
ses que provou na corte de Savoia, que reinava
sobre a Sardenha (e esta dominava o Piemonte),
e desejava que os vinhos locais tivessem a mesma
qualidade. Desejo compartilhado com a francesa
Juliette Colbert di Maulévrier, conhecida como
Marquesa de Barolo, casada com o importante
aristocrata Carlo Tancredi Falletti.
A mudança teria vindo com o enólogo francês
Louis Oudart, contratado por Cavour e também
pela marquesa. Quando ele chegou, a Nebbiolo
era cultivada em grandes rendimentos e colhi-
da muitas vezes precocemente, pois amadure-
cia apenas no final de outubro ou, às vezes, em
novembro. Depois de colhidas, as uvas iam para
adegas sujas, onde ocorria uma fermentação errá-
tica geralmente interrompida pelo inverno, antes
de todo o açúcar ser fermentado. Barolo então

era um vinho doce. Oudart teria mudado com-
pletamente esse panorama e começado a produ-
zir vinhos secos.
No entanto, uma pesquisa recente de Kerin
O’Keefe afirma que o mentor desse novo Barolo
não teria sido Oudart, mas um enólogo italiano
chamado Paolo Francesco Staglieno, autor de
um manual de vinificação chamado “Istruzione
intorno al miglior metodo di fare e conservare
i vini in Piemonte”, publicado em 1835. Teria
sido ele o enólogo chamado por Cavour para tra-
balhar em sua propriedade em Grinzane entre
1836 e 1841. Quando Oudart veio para Alba, Ca-
vour já estaria seguindo as diretrizes de Staglieno
e produzindo vinhos secos.
Assim como a viticultura piemontesa, Cavour
também ajudou a transformar a Itália. Ele apoiou
a unificação do país sob a Casa de Savoia. Quan-
do Vitor Emanuel II declarou o Reino da Itália
independente em 17 de março de 1861, Cavour
foi nomeado Primeiro Ministro, mas ele morreu
apenas quatro meses depois. Os vinhos de Barolo
logo passaram a ser os favoritos da nobreza italia-
na, então localizada em Turim, e começaram a
ser conhecidos como “o vinho dos reis e o rei dos
vinhos”.
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