Adega - Edição 174 (2020-04)

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46 ADEGA >> Edição^174


Em 1894,
Domizio
Cavazza
criou uma
cooperativa
para
produzir
vinhos com
o nome de
sua região, e
não mais de
Barolo

Barbaresco
A origem do nome é controversa. Alguns narram
que os gauleses chegaram à Itália por serem atraí-
dos pelo vinho Barbaritium, enquanto outros ar-
gumentam que Barbaresco deriva seu nome dos
povos bárbaros que causaram a queda do Império
Romano. Mas, verdade é que até fim do século
XIX, as uvas Nebbiolo da região de Barbaresco
eram vendidas para fazer Barolo ou simplesmen-
te rotuladas como “Nebbiolo di Barbaresco”.
Em 1894, Domizio Cavazza, diretor da escola
de enologia de Alba, criou a primeira cooperativa,
a Cantine Sociali, reunindo nove proprietários
de vinhedos de Barbaresco. Teria sido a primeira
vez que produtores se reuniam para fortalecer o
nome da região. No anos 1930, contudo, a coope-
rativa foi fechada durante o governo fascista.
Em 1958, um padre da vila de Barbaresco, re-
conhecendo que a única maneira de as pequenas
propriedades sobreviverem era unir esforços, reu-
niu 19 pequenos produtores e fundou “Produtto-
ri del Barbaresco”. As três primeiras safras foram
feitas no porão da igreja.
Nessa época, por volta dos anos 1960, é que
Barbaresco realmente começou a se tornar uma
denominação de renome graças a um jovem cha-
mado Angelo Gaja e também a Bruno Giacosa.

Pode-se dizer que esses três produtores formaram
o tripé da “revolução” de Barbaresco. Giacosa,
por exemplo, foi um dos primeiros a demarcar
vinhedos únicos como forma de valorizar o ter-
ritório.
Gaja foi ainda mais determinante nessa his-
tória. Em 1961, ao ingressar na vinícola familiar,
passou a modificar a gestão de seu pai, usando
barricas novas, por exemplo. Suas ideias ajuda-
ram a mudar o perfil não somente da região de
Barbaresco, como do Piemonte em geral, pois ele
passou a cultivar variedades francesas e revitalizar
as locais como a Barbera (ver entrevista com Gio-
vanni Gaja, filho de Angelo, nesta edição).
Gaja também passou a separar e valorizar os
vinhedos únicos da sua propriedade, que, segun-
do afirma, foram fruto da visão de sua avó, Clotil-
de Rey. Ela teria sugerido que a família compras-
se os melhores vinhedos de Barbaresco depois da
II Guerra Mundial, quando as famílias estavam
deixando a região rural para ir para Turim. Ela
ensinou os mais jovens a escolher esses terroirs,
optando pelas faixas de terra em que a neve der-
rete mais cedo, chamadas de Sorì. Um desses vi-
nhedos foi batizado em sua homenagem, o Sorì
Tildin, seu apelido.
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