Adega - Edição 174 (2020-04)

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Regiões de


clima frio


tendem a ter


uma grande


diferença


entre


temperaturas


máximas


e mínimas


durante dias


e noites, e


estações mais


marcadas


acidez diminuem e costuma-se ter mais volume
alcoólico. Essas talvez sejam as diferenças mais
fundamentais entre climas quentes e frios, mas há
outros detalhes a levar em consideração.

Desafios do clima
Algumas das “convenções” para se conside-
rar uma região como tendo clima frio é que as
temperaturas durante a estação de crescimento
sejam inferiores a 16,5°C. Para o clima quente,
considera-se entre 18,5 e 21,5°C. E cada clima
oferece desafios diferentes para seus produtores.
Em regiões frias, as vinhas podem ter menor
rendimento, invernos rigorosos podem ser bas-
tante prejudiciais, assim como geadas tendem a
ser mais comuns e destrutivas. Basta ver as notí-
cias de safras recentes na Borgonha e Bordeaux,
em que geadas severas comprometeram o volu-
me da safra, para compreender isso.
Além disso, se a estação de crescimento no
verão for muito curta ou fria, as uvas podem não
amadurecer completamente. Por esse motivo,
em muitas regiões a chaptalização (a adição de
açúcar ao mosto para que os níveis de álcool au-
mentem durante a fermentação) é uma prática
permitida. Devido a esses fatores, a variação entre
as safras de regiões frias tende a ser muito maior.
Em locais mais quentes, com mais sol, cli-
ma mais consistente, o período de maturação

costuma ser mais longo. Mas a viticultura aqui
também tem seus problemas. Os produtores ge-
ralmente lutam para manter a acidez nas uvas –
que diminui à medida que o açúcar se acumula


  • e o frescor dos vinhos. Na vinícola, medidas
    podem ser empregadas para ajudar, como a adi-
    ção de ácido e até a redução dos níveis de álcool
    (uma prática controversa), mas, cada vez mais, os
    produtores têm tentado gerenciar essas questões
    através de manejos no vinhedo.


Aromas e sabores
Falando de forma genérica, os vinhos em climas
quentes geralmente são mais encorpados do que
os vinhos em climas frios. Seus níveis de açúcar
se traduzem em um maior teor alcoólico. Os
tintos são profundos e cheios, com especiarias e
notas de frutas negras, como cereja e ameixa. A
maturidade também se manifesta com uma nota
de frutas secas e alguns podem até exibir notas de
chocolate. Cascas grossas de algumas variedades
tintas ajudam a proteger do sol e assim proporcio-
nam um vinho com taninos estruturados, corpos
poderosos, voluptuosos.
Por outro lado, vinhos de clima frio costu-
mam ser mais ácidos e frescos. As frutas apresen-
tam sabores mais azedos, como amora, framboe-
sa, maçã verde, assim como notas herbáceas, de
pimenta, terrosas etc. São vinhos que tendem a
ter a ser menos encorpados com teores alcoóli-
cos mais baixos. Muitas vezes, esses vinhos estão
associados a aromas e sabores delicados, menos
pungentes do que seus pares de climas quentes.
Em geral, frutas maduras no nariz e palato su-
gerem mais luz do sol e climas mais quentes; por
outro lado, pense em lugares mais frios se você
provar frutas verdes, azedas e com maior acidez.

Comportamento
Cada variedade de uva tende a se comportar de
uma forma dependendo do clima da região. Esta-
mos acostumados a ver castas como Chardonnay,
Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah etc., cultiva-
das nos mais diversos recantos do planeta e, os
vinhos produzidos em cada ponto, feitos com as
mesmas cepas, mostram características diferen-
tes. Como diriam os franceses, essa é a magia do
terroir – o termo que eles criaram para englobar
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