Adega - Edição 174 (2020-04)

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60 ADEGA >> Edição^174


ESCALADEWINKLER
A escaladeWinkleré umatécnicapara
classificaro climadasregiõesprodutoras
devinhocombasenasomadecalorou
crescentedegraus-dia(umamedidade
acumulodecalorutilizadoporagricultores
parapreverastaxasdedesenvolvimento
deplantas).Porela,asáreasgeográficas
sãodivididasemcincoregiõesclimáticas
combasenatemperaturaconvertidaem
crescentedegraus-diae sãocomumenteconhecidascomoregiõesdeI a V.
EssesistemafoidesenvolvidonaUniversidadedaCalifórnia,Davis,porAlbert
Winklere MaynardAmerine.
Segundoele,asregiõesdenúmeromaisbaixosãoadequadaspara
variedadesdeamadurecimentoprecocee asdenúmerosmaisalto,para
variedadesdeuvadeconsumoin naturae vinhodemesa.Locaiscomo
Inglaterrae Canadá,Champagnee CentralOtago,estãoclassificadoscomoIA
(existeo nívelIBtambém,ondeestáBorgonha,porexemplo).JáPiemontee
Douro,porsuavez,pulampararegiãoII. Riojae Sonomapassamparao nível
III.Toscanae Languedoc-RoussillonsãoescalaIV.IlhadaMadeirae Hunter
Valley,naAustrália,estãoentreasregiõesV.

Mudanças climáticas
e colheitas antecipadas
Diante do aquecimento global e de mudanças
climáticas, ultimamente tem sido cada vez mais
difícil diferenciar vinhos de regiões tradicional-
mente de clima frio das de clima quente. Em
Bordeaux, por exemplo, não tem sido incomum
encontrar vinhos com 15% de álcool, tal qual no
Novo Mundo. Ou seja, em alguns casos, pode-se
encontrar rótulos tão opulentos quanto em terras
teoricamente mais quentes.
Diante do aquecimento, vê-se cada vez mais
produtores colhendo mais cedo, para que as uvas
não fiquem sobremaduras e percam a acidez.
Esse tipo de prática tem sido muito comum tam-
bém no Novo Mundo, onde outro método co-
mum tem sido colher durante a noite para evitar
o excesso de calor do dia. A principal razão para
uma colheita antecipada é tentar equilibrar a ob-
tenção da uva mais madura possível em termos
de açúcar e fenóis, sem perder toda a acidez.
Cada vez mais, as condições da safra, além
das escolhas tanto no campo quanto na vinícola,
nublam as “linhas demarcatórias” entre regiões
frias e quentes. E, à medida que as mudanças
climáticas continuarem, é provável que vejamos
safras mais inconsistentes de ano para ano, o que
dificulta cada vez mais a generalização de estilos.
Não à toa, produtores estão buscando novas fron-
teiras vinícolas em regiões cada vez mais austrais
ou setentrionais. Talvez no futuro, o que conven-
cionamos apontar como vinhos de clima quente
ou frio tenha novas definições.

Tem sido cada
vez mais difícil
diferenciar
vinhos de regiões
tradicionalmente
de clima frio das de
clima quente
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