Adega - Edição 174 (2020-04)

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Edição 174 >> ADEGA 69


que os sulfitos seriam adicionados e, segundo os
pesquisadores, isso não altera os parâmetros físi-
co-químicos ou sensoriais da bebida.
“Perante as análises efetuadas, a adição do in-
grediente de flor de castanheiro conferiu ao vinho
propriedades conservantes, sem alteração dos seus
parâmetros físico-químicos e sensoriais. O vinho
resultante tem tido muito boa aceitação, tendo
também vindo a ser destacado pela sua qualidade
organoléptica ímpar, em parte resultante da distin-
ta aromaticidade conferida pela flor de castanhei-
ro”, apontou a pesquisadora Lillian.
“Vinhos com flor de castanheiro são mais ge-
nuínos; conseguimos sentir aromas e sabores que
o SO2, frequentemente, encobre”, garante Paiva
que é biodinâmico com certificação Demeter e
foi o primeiro produtor a aplicar a flor de casta-
nheiro. No entanto, atualmente em fase de le-
galização junto às entidades reguladoras, outros
produtores de Portugal e Espanha estão adotan-
do essa técnica de vinificação com o objetivo de
validar a ferramenta em diferentes tipos de vinho.
A fórmula está protegida por diversas paten-
tes (internacional, europeia e norte-americana)
e também, já em finalização, há um projeto de
uma startup dedicada exclusivamente à angaria-
ção e venda desse ingrediente por todo o mundo,
garantindo material suficiente para fornecer à
indústria vinícola. Os resultados dessa iniciativa
podem ter grandes repercussões na indústria do
vinho, uma vez que boa parcela do mercado re-
conhece e prestigia cada vez mais o uso de con-
servantes naturais.


CASTANHA PARA TODOS?
Os castanheiros têm um papel fundamental no interior ibérico. A
castanha de Trás-os-Montes representa dois terços da produção
total do país e, de acordo com os dados da Food and Agriculture
Organization of the United Nations (FAOSTAT), Portugal situa-se entre
os três maiores produtores europeus de castanha (Turquia e Itália são
os dois primeiros). A região norte dos país contribui com mais de 80%
da produção nacional, a qual destina-se 15% ao mercado interno e
85% ao externo.

Fernando Paiva, da Quinta
da Palmirinha, onde os testes
estão sendo realizados
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