Adega - Edição 174 (2020-04)

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Faleceu um dos maiores
conhecedores de vinho do mundo

DROPS |


N

a terça-feira, dia 17 de março, o
mundo do vinho deu adeus a Mi-
chael Broadbent. Seu filho, Bar-
tholomew Broadbent, anunciou a
notícia nas mídias sociais: “Muito
triste, mas ele teve ótimos 92 anos”, escreveu. Mi-
chael Broadbent foi um dos maiores conhecedores
de vinho do nosso tempo e é famoso por ter dado
alento aos leilões de vinho na década de 1960, com
seu trabalho na Christie’s. Curiosamente, ele che-
gou a afirmar que nunca havia considerado a ideia
de que um dia um vinho poderia se tornar um in-
vestimento para algumas pessoas.
Broadbent escreveu livros e artigos sobre vinhos.
Somente na revista inglesa Decanter, foram mais
de 400 colunas entre 1977 e 2012. Entre os livros, o
mais famoso, “Wine Tasting” (Degustando vinhos),
publicado pela primeira vez em 1968, é considerado
um dos primeiros guias estruturados sobre como pro-
var o vinho e foi traduzido para diversas línguas. Ele
escreveu diversos livros com notas de degustação e
ainda contribuiu com obras de outros autores sobre
os mais variados temas sendo coautor de dezenas.
“Michael era um membro muito amado e
valorizado da família Decanter, desempenhando
um papel significativo – desde os primeiros dias da
revista – na construção de sua reputação de autori-
dade e experiência. Seu conhecimento enciclopé-
dico de vinhos, sua inteligência e seu entusiasmo
pela vida fizeram dele uma alegria para trabalhar


  • e uma alegria para ler”, disse Amy Wislocki, edi-
    tora da Decanter.
    “Michael Broadbent era meu mentor e meu
    herói: simples assim”, afirmou Steven Spurrier,


Michael


Broadbent


amigo pessoal de Broadbent. “Ele deixa um lega-
do magnífico e muitos de nós seriam degustadores
de vinho muito mais pobres sem sua liderança”,
afirmou Jancis Robinson.
Nascido em 1927, Broadbent estudou para ser
arquiteto. No entanto, abandonou o curso. Sua
mãe recomendou que ele se candidatasse a um
emprego no comércio de vinhos. Em 1952, aos 25
anos, ingressou na loja de Tommy Layton, onde
começou varrendo o chão e entregando vinho
em Mayfair. “Tommy me disse que sempre que
eu provasse um vinho, eu anotasse. Então, em
13 de setembro de 1952, eu fiz exatamente isso.
Comecei com um pequeno caderno vermelho e
agora tenho 150 deles, contendo 90.000 notas”,
afirmou. Depois, Broadbent foi chefe do departa-
mento de leilão de vinhos da Christie’s até 1992.
Em 2009, o livro “O vinho mais caro da his-
tória” apontou um possível conluio de Broadbent
com o controverso (e possivelmente falsificador)
de vinhos Hardy Rodenstock no caso da venda dos
supostos vinhos de Thomas Jefferson, que alcan-
çaram preços estratosféricos em leilão. Michael
processou a editora que tirou o livro de circulação
no Reino Unido e lhe pagou uma compensação
por danos morais, mas manteve o livro em circu-
lação no restante do mundo.
Ele foi um dos primeiros (a 24ª pessoa no
mundo) a conquistar o título de Master of Wine,
em 1960. Michael Broadbent foi casado por mui-
tos anos com Daphne Broadbent, que morreu em


  1. Com ela, teve dois filhos, Bartholomew e
    Emma. No ano passado, ele se casou com Valerie
    Smallwood.

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