Adega - Edição 174 (2020-04)

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depois se estendeu com chuvas de pouco volume
e bem distribuídas ao longo dos meses – fez com
que a maturação ocorresse por completo, com uvas
sadias, sem podridões, concentradas em açúcar
e compostos. Foram predominantes dias de verão
com temperaturas moderadas, com noites de céu
claro, que favorecem um gradiente de temperatu-
ra, beneficiando a biossíntese de pigmentos (cor) e
preservando a acidez”, apontou Mauro Zanus, en-
genheiro agrônomo da Embrapa.

Condições perfeitas em geral?
Um dos entusiastas da safra 2020 é o enólogo
uruguaio Alejandro Cardoso, que trabalha em
projetos em diversas regiões do sul. “Choveu
muito na primavera, aí pensamos que poderia
complicar, mas, a partir de dezembro, começou
a secar e não choveu. Com temperatura alta, as
uvas foram amadurecendo. Na Serra, foi seco,
mas nem tanto, caiu uma garoa, uma chuva es-
porádica, que mantinha o grão inchado. Depois,
em janeiro, caiu a temperatura à noite, com dias

batendo 30ºC e noites indo a 22ºC, 18º. Ou seja,
uma maturação lenta, com uvas sadias. Na Cam-
panha, já foi muito mais seco, uma seca histórica,
com muito calor”, aponta.
Quem também revela um panorama ligeira-
mente diferente na Campanha Gaúcha é o enó-
logo português Miguel Almeida, do grupo Miolo,
que, segundo apontou, passou 71 dias direto em
vindima no projeto do Seival. “Foi a maior safra do
Seival, com mais de 2 milhões de quilos de uvas.
Anos de muita quantidade é difícil aliar qualidade,
mas neste ano foi possível. Sanidade, qualidade
de maturação com um verão extremamente seco
e quente. É efetivamente um grande ano, se será
histórico, só o tempo dirá. Para brancas tivemos
equilíbrio entre açúcares e álcool. Nas tintas, um
pequeno desequilíbrio para sobrematuração, mas
são desafios do ano”, afirmou.
Na Serra Catarinense, o cenário visto em terras
gaúchas se repetiu. “Brotação com períodos instá-
veis, alternando períodos secos com períodos frios
e chuvosos. Floração em período frio e chuvoso.

“A safra 2005


foi muito


boa, 2011 foi


boa, 2018


foi boa, mas


este ano


impressionou


em todas as


variedades”,


Flávio Zilio

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