Prof. Pedro Fávaro
mais nada. Mas tinha valido a pena. “Lembra
quando você deu seus primeiros passos, filha? Eu
até chorei.”
Filha única, tinha todas as vontades
satisfeitas. Vânia tentava refletir sobre isso, “ter
todas as vontades satisfeitas”, mas sua mente
estava embaçada, não conseguia pensar direito
sobre qual o significado daquilo em suas vidas.
Pegou o uniforme de balé e pensou em
quantas vezes Carolina tinha dançado lindamente,
arrancando aplausos da plateia, parecia uma
miragem, leve como o ar, sem imaginar todo o
esforço da mãe para que ela estivesse lá,
brilhando. O sacrifício que a mãe fazia para separar
dinheiro das contas da casa para pagar as aulas,
as sapatilhas, os uniformes, as fantasias todo final
de ano. O pai não concordava com tantos gastos
que ele considerava inúteis, mas Vânia fazia
questão que Carolina fosse uma bailarina, como a
menina sonhava. “Você era a melhor bailarina do
mundo, filha.”
Refletia que não deveria ter parado de
trabalhar para cuidar da filha, assim teria seu
próprio dinheiro, mas o que fazer? Se trabalhasse
teria dinheiro, mas ficaria longe da filha. Ficando