Antologia Grêmio Cultural
O Cristal Azul
Falta pouco tempo para o meu aniversário.
Sou ainda novo para minha espécie. Nos padrões
dos humanos, nossos antecessores (na escala
genética), a idade é equivalente a de uma criança
entre os 10 e os 13 anos.
Minha mãe levou-me para visitar algumas
sendas para sentir o que eu gostaria de ganhar de
presente. Para nossa raça, esta é uma idade muito
importante — parecida com os 13 anos que os
longínquos hebreus comemoravam para seus
meninos (li isto em uma edição antiga, compilada
nos arquivos da biblioteca virtual do meu avô).
Chegando à Senda do Mestre Ariel — uma
grande loja, como diriam os antigos —, encantei-me
com um cristal azul: eu nunca havia visto nada
igual! É mais bonito e brincalhão do que os outros:
nele, a gente pode ver o passado, o presente e
algumas coisas do futuro (para isto, preciso ler
direitinho o manual de instruções).
Minha paixão é saber tudo do passado para
tentar entender como nossos antecessores
deixaram tudo acabar daquela forma. Ah, também
quero ver, com calma e atenção, como nossa raça
conseguiu fugir a tempo da hecatombe e como foi
possível a adaptação aqui em Marte.