Prof. Pedro FávaroCidade de Havana, 15 de novembro do ano de nosso
senhor de 1674.
Caríssima amiga Leonor Inés. Espero comsinceridade que essa missiva lhe encontre com boa
saúde.
Perdoe-me pela demora em lhe escrever, é que a
viagem foi longa e depois que conseguimos aportar
aqui, vi tantas coisas diferentes, estranhas e
magníficas, que decidi esperar e contar as novidades,
tudo de uma vez. Adianto-lhe que algumas das coisas
que escreverei, poderão lhe parecer frutos de minha
imaginação, entretanto, asseguro-lhe que são a mais
pura verdade!
Em nossa viagem para cruzar o oceano, o
Encarnación, navio em que estávamos, foi atacado por
piratas! Isso mesmo, piratas ingleses! O medo que senti
ao ouvir os marinheiros gritando não foi nada
comparado ao estrondo dos canhões, o rangido das
madeiras dos mastros rachando e das espadas em
combate. Papai até que tentou nos fazer passar por
gente comum, colocando alguns mantos puídos por
cima de nossas roupas, mas não adiantou. O bandido
inglês logo descobriu o nosso disfarce e fez com que
entregássemos nossas joias. Pelo menos, após ter
saqueado tudo o que acreditou ser valioso, deixou que