Prof. Pedro Fávaro
maioria, engana-se. Os negros africanos estão por toda
parte! São escravos que fazem todos os serviços braçais
e praticamente toda semana chegam mais e mais
navios, trazendo-os da África para serem vendidos
aqui ou em outras partes do Império.
Outra coisa que estranhei foi a comida. Podes
pensar que, por ser colônia da nossa Espanha, a
alimentação seria igual, porém não o é. Aquelas frutas
que achávamos exóticas em Madrid, a banana e a
goiaba, aqui crescem em qualquer canto e podemos
comer à vontade. Aprendi também a comer arroz, feijão,
mandioca, batata, milho e frutas frescas. E o açúcar,
que aí é tão caro, temos em abundância em casa...
Você deve estar imaginando que minha vida é
perfeita, porém está longe disso. Como filha do vice-
governador, não há aqui, muitos homens em idade e
posição compatíveis para se firmar um acordo
matrimonial. Papai está entrando em conversas com
um marquês que acabou de enviuvar e como deves
imaginar, sim ele é velho! Tem quase 40 anos!
Os jovens nobres daqui vão estudar em Madrid
ou Sevilha e procuram por noivas de sua classe social
por aí. Eu, como nasci na Espanha, tenho privilégios em
relação às demais filhas de espanhóis que nasceram
aqui, assim, após meu casamento, quando engravidar,
devo voltar ao continente para dar à luz, pois é costume
e questão de prestígio. Então, se tudo der certo, espero
que nos encontremos novamente em 2 ou 3 anos.