Antologia Grêmio Cultural
COMENTÁRIO INOCENTE
Ao analisar o tema da Semana de Arte Moderna,
estranha inquietude pairou, o ar parecia rarefeito.
Assunto difícil, delicado, controverso, vespeiro de
gente e formas a ser cutucado.
Versões distintas, polêmicas, inúmeras
lateralidades, uma serpente ziguezagueando de
tocaia em completo estímulo. O vazio percorreu
todo o meu corpo, da cabeça aos pés. O nada ficou
flutuando, o cérebro foi tomado pela cor cinza,
nenhuma ideia ocorreu. “Flashes”, raios em branco
e preto, depois coloridos, queriam chamar a
atenção com vislumbres espaçados de obras,
rostos, textos, filmes, opiniões. Figuras marcantes
que se sobrepunham em autorretratos, um baralho
de cenas justapostas, pura atração.
Não sou pintora, nem escultora, fotógrafa,
compositora, declamadora. O único recurso de que
disponho é a escrita, exercício nobre, nivelada aos
demais, em uníssono. Frente a um desafio dessa
proporcionalidade, vasculhei meus rascunhos à
procura de escritos inéditos que se adequassem ao
porte dos participantes de 22, do seu grau cultural
elevadíssimo em quaisquer habilidades
desenvolvidas. A procura foi em vão. Considero
que o movimento foi uma afloração extrema, em
que juntos ficaram muito fortes, ocorrendo um
impacto muito violento a ponto de assustar os
resquícios de uma população provinciana.