matias

(Zelinux#) #1

por isso não sei se podemos admirar-nos, de que as fontes ainda
corram para o mar; de que o fogo ainda abrase; de que o ar
ainda se mova; e de que a terra ainda fertilize. Os elementos não
se mudam, mas é, porque estão subordinados às primeiras leis,
que lhes deu o autor do mundo; temos o uso dêles, o domínio
não; devem servir-nos, e não obe-decer-nos: a nossa
prevaricação estende-se a tudo quanto foi, ou é obra nossa; por
isso a vaidade se comunica, tem jurisdição em tudo aquilo em
que nós a temos. Daqui procede, o ser a ciência da justiça
humana, uma ciência mudável, inconstante, e vária; porque as
leis da vaidade sabem confundir-se com as leis verdadeiras da
justiça. A vaidade também tem regra, e doutores. Quantas
injustiças não terá feito a vaidade de fazer justiça! A mesma
vaidade que inspira retidão, a embaraça. Revista-se embora o
soberbo magistrado de um semblante rugoso, implacável,
adverso, e truculento; faça-se irrisível totalmente, áspero,
severo, e desabrido; mostre um aspecto sombrio, terrível,
taciturno, e intratável; fale de um ar, e tom de soberania; tenha
sempre o pensamento distraído, como que o tem todo ocupado

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