gem: ali se vê, que as produções são separadas, e
diversas; mas o tronco progenitor é um. Muitas rosas
brotam de uma só roseira; porém tôdas são rosas; a
espécie é a mesma em tôdas; e por mais que cada uma
esteja em diverso ramo, a árvore que as sustenta, é uma
só. Assim é, já parece, que aquela paridade tomada no
reino vegetal, tem justa aplicação para o caso da
nobreza infundida no sangue, e na sucessão; mas não
sei se a mesma paridade pode servir de aniquilar
inteiramente, ou ao menos de embaraçar o sistema da
nobreza de geração. (A maior parte dos sistemas
comumente está sujeita à variedade do discurso; ainda
aquêles a que a prescrição do tempo tem feito adquirir
um direito de certeza). O caso é, que o sangue dos
animais é como o humor nas plantas; estas por meio
das raízes atraem a si a umidade fecunda, que as faz
reverdecer, e é a mesma de que se forma o tronco, os
ramos as fôlhas, e os frutos; de sorte que o humor da
terra é o que anima a planta, é o seu sangue: êste
sangue pois, ou êste humor, será porventura sempre o
mesmo em uma planta? Não, porque a terra a cada
instante recebe dos outros elementos uma nova vida,
isto é, uma umidade nova: as águas, que a regam,
nunca são as mesmas; daqui vem, que o sangue de uma
planta sempre é outro, comparado ao que foi primeiro;
e por isso sempre muda de sangue, porque sempre
muda de humor; aquele com que nasceu, não é o
mesmo que boje tem: o primeiro parece se extinguiu
por uma transpiração lenta, e insensível; e assim o
sangue, com que está, não é o que já teve, porque já
não tem o humor que tinha: a conservação das plantas,
e animais, depende de uma contínua mudança de
alimento, e por consequência de sangue; êste sofre uma
dissipação precisa; é preciso que um sangue acabe,
para dar lugar a outro: nesta
zelinux#
(Zelinux#)
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