matias

(Zelinux#) #1
REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS

pode discorrer mal: o juízo é a mesma parte que discorre,
quando discorre bem: o entendimento pensa, o juízo
também obra; por isso nas ações de um homem
conhecemos o seu juízo, e no discurso lhe vemos o
entendimento: o juízo duvida antes que resolva, o
entendimento resolve primeiro que duvide; por isso êste
se engana pela facilidade, com que decide, e aquêle acerta
pelo vagar, com que pondera. Ordinàariamente falamos no
juízo, e não no entendimento de Deus, e deve ser pela
impressão, que temos, de que o juízo é menos sujeito ao
êrro, que em Deus é impossível: com tôda esta vantagem,
que achamos no juízo, pouco nos desvanece o ter juízo, e
muito nos lisonjeia o ter entendimento. Consideramos o
juízo como coisa popular, ou sò-mente como uma espécie
de prudência, sendo aliás coisa muito rara; e olhamos para
o entendimento como coisa mais altiva, e em que reside a
qualidade da agudeza; e assim mais nos agrada o

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