vírgula
uma vírgula dum projecto que me ultrapassa
uma intenção que desconheço
mas o tempo, esse desprezado contador
um dia me acerta e mo descobre
como um rio sinuoso que avança sem recuo
num só e inelutável sentido desfeito de intenções
o tempo diz-me que esse é um projecto maior
feito dum infinito desatar de nós
diluindo ambições, abraços e prisões
afinal tão simples, subtil e inteligente
a tal clareira que se avista no futuro
um destino ácido-base em movimento perpétuo
e eu só me não parto porque me vergo, ou me
elevo
ou me desvio, ou recuo, ou fujo, corrijo
e só não ardo porque choro dos meus erros