Os estoicos não recusam o papel das ciências auxiliares (matemática, as
tronomia, medicina, filologia) que, no período helenístico tornam-se pouco a
pouco independentes da filosofia. Perante elas, a �ituação estoica é delicada:
por um lado, buscam assimilá-las porque pretendem restaurar o ideal pré-so
crático do sábio como aquele que "sabe tudo" e sua concepção do sistema os
impede de considerá-las independentes da filosofia; por outro, o estado avan
çado dessas ciências em sua época inviabiliza qualquer pretensão enciclopédica
de dominá-las completa e perfeitamente. A solução encontrada consistiu em
distinguir o que nelas é propriamente filosófico e deve ser conhecido pelo filó
sofo e o que concerne às particularidades de seus objetos e deve ser conhecido
pelo cientista. Na verdade, com exceção de Posidônio, nenhum estoico dedi
cou-se a investigações científicas, mas todos se limitavam a manter-se informa
dos sobre elas e nem sempre de maneira muito adequada, bastando lembrar
que Cleanto, sem qualquer argumento astronômico válido, queria a condena
ção de Aristarco por impiedade, porque este se opusera ao geocentrismo do
minante e def endera o heliocentrismo, e que Crisipo chegou à beira do ridícu
lo quando, sem qualquer argumento anatômico ou fisiológico, se opôs aos
médicos de seu tempo, sustentando que a parte diretriz da alma (a razão) tinha
sede no coração e não no cérebro, pois quando dizemos" eu", apontamos para
nosso coração!A lógica
Pelos critérios da lógica contemporânea, os estoicos, tributários dos dialéti
cos, podem ser considerados os maiores lógicos da história da filosofia, embora
por "lógica" entendessem algo muito mais amplo do que se entende em nossos
dias. De fato, o que hoje entendemos por lógica corresponde a uma subdivisão da
lógica estoica, aquela parte da dialética cujo objeto é o que os estoicos denomi
nam significados.
A lógica é a parte ou o lugar da filosofia cujo objeto é o lógos, ou seja, a lin
guagem, o raciocínio e a razão e sua elaboração canônica foi feita por Crisipo.
Como disciplina do lógos ou da linguagem racional, a lógica é, em primeiro
lugar, ciência do bem falar ou do discurso racionalmente correto. Sua principal
tarefa é distinguir entre dois usos da linguagem: o discurso contínuo, no qual
prevalecem as regras da retórica, e o discurso descontínuo ou por questões e res-
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