A composição dividia-se em quatro partes: invenção (determinação do ar
gumento), enunciação (exposição do assunto), plano (ordenação do assunto) e
ação do orador (para persuadir). A composição se realizava em quatro etapas: o
proêmio, a narração dos fatos, a refutação dos argumentos contrários e o epílo
go, entendido como resumo e não, à maneira tradicional, como conclusão paté
tica, destinada a comover o ânimo do ouvinte. Não havia um elemento que
Aristóteles, Cícero e Quintiliano julgavam essencial: a prova, embora os estoi
cos, segundo Cícero, tivessem introduzido na retórica o procedimento dialético
do silogismo.
De modo geral, os antigos e particularmente os romanos julgaram a retórica
estoica muito concisa, dura, áspera. Cícero dizia que os estoicos davam conselhos
para calar-se, mais do que para falar.
Na verdade, tanto na retórica como na dialética, os estoicos propunham a
excelência ou virtude da expressão, definida por cinco qualidades: helenismo,
clareza, concisão, conveniência e elegância, opostas a dois vícios de linguagem, o
barbarismo (uma fala contrária ao uso dos gregos renomados) e o solecismo (uma
linguagem cuja sintaxe é defeituosa). Na realidade, a primeira excelência concen
tra as outras quatro: o helenismo é "uma expressão sem faltas, de acordo com o
uso técnico da linguagem e não o uso ordinário" e as demais excelências ou virtu
des têm por função significar adequadamente o pensamento do locutor expresso
conforme ao helenismo. A clareza é a expressão que apresenta de maneira inteli
gível aquilo que se pensa; a concisão, a que não contém senão o que é necessário
para mostrar a coisa; a conveniência, a que está adaptada à coisa; a elegância, a
que sabe evitar a vulgaridade.c) A dialética
O mundo ou a Natureza não é uma coisa inerte, mas um ser vivo, ou melhor,
um deus vivo. Por isso, o sábio deve dar assentimento à vida do mundo, isto é, aos
acontecimentos. Esse assentimento é alcançado por meio da dialética.
De acordo com Posidônio, a dialética é a ciência do que é verdadeiro e falso
e do que não é nem verdadeiro nem falso. Verdadeiro ou falso: a dialética é ciência
das proposições. Nem verdadeiro nem falso: a dialética é ciência das questões ou
do diálogo. De acordo com Crisipo, no entanto, o campo da dialética é muito
mais vasto, refere-se a tudo que concerne à linguagem e ao raciocínio, isto é, diz
respeito aos significantes e aos significados, exceto aqueles que são objeto da retó-
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