alto, o éter, em cujo interior nasceu a esfera das estrelas fixas e a dos planetas; o
frio (ar), que se encontra abaixo do éter; o úmido (água) e o seco (a terra), que se
encontram no meio do todo. Desses elementos, dois são ativos - o fogo e o ar- e dois, passivos - a água e a terra. Os princípios são inengendrados, imutáveis
e informes, os elementos, engendrados, perecíveis e informados, animados por
uma transmutação perpétua: um primeiro movimento, que vai do fogo à terra,
passando pelo ar e pela água, produz os ciclos de vida e morte dos seres vivos -
"o elemento é aquilo de onde vem tudo o que nasce e ao qual tudo retorna" -;
um segundo movimento, que vai da terra ao fogo, repassando em sentido inverso
por todos os estados intermediários, acontece quando há conflagração universal
(ekpyrosis*), na qual o mundo se dilata no vazio ilimitado e todas as coisas se trans
formam em fogo. A doutrina da panlingenesia ou do Eterno Retorno do Mesmo
é constituída por quatro aspectos: o Grande Ano, longo período de tempo (dezoi
to mil anos) ao fim do qual os astros se encontram na posição inicial e recomeçam
o mesmo percurso; a conflagração, que incendeia o mundo, o faz retornar ao es
tado de fogo e o destrói completamente; a reposição da ordem do mundo refor
mado e renascido, idêntica à anterior; restauração dos indivíduos sob a mesma
forma e aos quais advêm os mesmos acontecimentos dos períodos anteriores.
A conflagração não é destruição e sim regeneração do mundo, isto é, sua
nova gênese, sua ressurreição ou restauração, que se repetirá eternamente por
que o Eterno Retorno é a vida do mundo, que nasce, morre e renasce sem cessar.
A vida do mundo são os ritmos da vida do deus, causa de todas as coisas. Por isso,
explica Cícero, os estoicos distinguem dois tipos de fogo:
Um, sem arte, que consome em si mesmo aquilo de que se nutre; outro, artesão,
que favorece o crescimento, se encontra nas plantas e nos animais; a natureza e a
alma, a substância dos astros são compostas desse fogo [ ... ] procede com método
para a geração das coisas (Cícero, Da natureza dos deuses, 11, 22).A causalidade
Embora recusem as quatro causas aristotélicas e afirmem apenas a causa
eficiente -uma causa é a ação pela qual alguma coisa produz -, os estoicos ela
boram uma complexa teoria da causalidade que pretende dar conta da gênese,
ordem, estabilidade e coesão do mundo. A causalidade é uma combinação de
causas.