de; é a vida do mundo. Por que é cósmico e divino, o destino é a unidade do
mundo e do deus, e seu nome é providência (pronoia*). Como escreve Plutarco:o destino é a razão do mundo ou a lei de todas as coisas que estão no mundo dirigi
das e governadas pela providência, ou a razão pela qual as coisas passadas foram, as
presentes são e as futuras serão (Plutarco, Opiniões dos filósofo s, I, 28).Jean Brun observa que a palavra eimarméne vem do particípio passado passi
vo do verbo meíromai, no qual se encontra a raiz mer, que aparece na palavra parte,
méros, e nas Moiras, as filhas da Necessidade, Moirai. Por isso o destino é o que dá
a cada um a parte que lhe é devida, o lugar que lhe cabe na harmonia universal.Por isso a vida é frequentemente comparada a um banquete no qual o dono da casa
atribuiu a cada conviva um lugar, ou a uma peça de teatro na qual o diretor distribui
os papéis; não cabe aos atores pedir para mudar de papel, mas cada um deve repre
sentar da melhor maneira o papel que lhe fo i atribuído (Brun, 1998, p. 66).A sabedoria humana começa com a tomada de consciência do destino ou da
necessidade universal e se desenvolve até realizar-se plenamente na submissão ao
destino, isto é, no assentimento voluntário à necessidade, à vida que une todos os
seres. É isto viver em conformidade com a natureza.A teologia natural
A cosmologia estoica, ao propor a identidade entre natureza e deus, conduz
a uma teologia natural.
O que leva o homem à ideia de deus? De acordo com Cleanto, quatro são
as causas dessa ideia: em primeiro lugar, a possibilidade do conhecimento an
tecipado do futuro, implicando que existem deuses que não escondem inteira
mente seus desígnios; em segundo, todos os bens que nos são dados pela natu
reza, implicando que existe um ser doador dessas riquezas; em terceiro, o
espanto e o terror diante do raio, do trovão, das tempestades, dos eclipses,
implicando que existe uma força celeste que ultrapassa os humanos; em quar
to, a ordem do mundo, o movimento regular do céu, do sol, da lua, dos astros,
a sequência das estações do ano, implicando que nada no mundo acontece ao
acaso e que há um plano racional que organiza o universo. Ao lado dessas no-