baixo ventre; irascível, situada no coração; racional, na cabeça) e da aristotélica
(alma vegetativa, sensitiva, racional) -psicologias que foram tratadas no volume
I -, os estoicos afirmam a unidade da alma e julgam que as distinções em sua
natureza são um processo ou diferentes estágios de desenvolvimento. Essa unida
de, que é a tensão, dirige e governa as oito partes da alma, realizando no indivíduo
o que a simpatia realiza no cosmo. São suas partes: o hegemonikon, * ou parte diri
gente, os cinco sentidos, a parte reprodutiva e a linguagem ou a voz.
A parte diretriz é comparada a um polvo, de que as outras partes seriam
tentáculos, e a uma aranha no centro da teia, onde recebe e trabalha as mensagens
vindas das demais partes. É ela a responsável pelas representações e pelo assenti
mento, pelos apetites e sentimentos, e pelo discurso racional. Cada um dos senti
dos é um sopro ou espírito, que vai da razão às coisas exteriores e as traz de volta
ao centro racional.9 Também a parte reprodutora é um sopro ou espírito que
parte da razão em direção aos órgãos sexuais e destes retoma à parte hegemônica.
E o mesmo deve ser dito da linguagem ou da voz. Para Crisipo, a substância do
hegemônico se espalha pelos sentidos. De acordo com Plutarco, para os estoicos,A alma é um pneuma ígneo, continuamente espalhado por todo o corpo enquanto a
respiração normal da vida permanece à disposição desse corpo. Encontra-se distri
buída em tantas partes quantas são as regiões do organismo. A porção psicológica
entendida através da traqueia constitui a voz, a da zona ocular, a vista, a da auricular,
a audição, a da nasal, o olfato, a da lingual, o paladar, a que cobre toda a extensão da
carne, o tato, a que reside nas partes genitais, a razão seminal. A região da alma onde
todas as partes se concentram, nós a colocamos no coração e o hégémonikon (Plutar
co, Das opiniões dos filósofo s, N, 21).Como vimos anteriormente, o motivo dado por Crisipo para localizar a par
te hegemônica no coração e não cérebro é o fato de apontarmos para o coração
quando dizemos" eu". Além disso, ele oferece outros motivos, tais como dizer
mos que a cólera sobe à cabeça, ou que engolimos um insulto. Esses verbos não
devem ser tomados metaforicamente, mas literalmente.
Retomando a concepção de Empédocles (que também aparece no Timeu de
Platão), os estoicos desenvolvem uma teoria da percepção como contato com o
percebido. Visão e audição, por exemplo, são contatos ou intercâmbios de tensão
entre nosso corpo e os corpos exteriores. A pupila é um sopro de fogo e ar que se
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