Panédo
Nasceu em Rodes, em torno de 185 a.C., de família nobre. Teria ouvido
Crates em Pérgamo e, a seguir, transferiu-se para Atenas, onde seguiu as lições
de Diógenes de Selêucia, então escolarca do Pórtico. Entre 160 e 150 a.C., tor
nou-se seguidor da Stoá, permanecendo ligado a ela por toda a vida, tornando
-se seu dirigente em 129 a.C. Ao que parece, também ouviu lições de Pólemon
e Carnéades. Amigo do historiador Políbio, visitou Roma algumas vezes e foi
recebido no círculo dos poderosos reunidos à volta de Cipião, com quem viajou
ao Oriente, em 140-139 a.C. Depois de longa estadia em Roma, retornou a Ate
nas, tornando-se escolarca até 110 a.C. Morreu por volta do início do século I
a.C. Suas lições no Pórtico foram descontínuas, interrompidas por doenças, e
delas nada nos chegou porque todos os seus escritos se perderam, restando
apenas alguns fragmentos.
Como dissemos, Panécio introduziu modificações importantes na doutrina
estoica. Várias razões o levaram a isso. Em primeiro lugar, as criticas dos acadêmi
cos assinalaram pontos realmente frágeis na doutrina; em segundo, o contato
com a cultura romana, que nele provocou, como em Políbio, admiração e respei
to, levando-o a retomar as questões relativas à ética e à política; em terceiro, a lei
tura de obras de Platão e de Aristóteles, que deixou evidente a herança socrática
do estoicismo e a possibilidade de acolher teses platônicas e aristotélicas.Mudanças na fisica
Panécio abandona a doutrina da conflagração universal (ekpyrosis*) e aceita
a tese aristotélica da eternidade do mundo. Ora, aquela doutrina afirmava que o
mundo era um vivente que, ao fim de certos periodos, perecia. A tese da eternida
de do mundo traz como consequência não só o abandono da ideia de vivente
cósmico, mas também a do deus artífice ou fogo artista: deus se torna dirigente
do universo.
Oscilando entre a critica radical e a dúvida, também abandonou a teoria da
adivinhação, o que pressupõe o enfraquecimento do núcleo da física estoica, isto
é, a ordem e conexão necessárias de todos os acontecimentos do universo, que
repercutem uns sobre os outros e podem ser signos de eventos futuros. Esse aban
dono implica uma nova conceituação da ideia de destino, como veremos ao tratar
das mudanças na ética.